Além de defender publicamente o pacote de ajuste fiscal proposto pelo governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrará em campo pessoalmente na articulação política pelas medidas de corte de gasto e arrecadação de receitas. Em reunião com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, Lula disse que virá a Brasília ao menos duas vezes por semana para se reunir com líderes e negociar as iniciativas que incluem a volta da CPMF. Os dois se encontraram na manhã desta sexta-feira (18/09) no hotel Royal Tulip, onde o petista estava hospedado.
Lula chegou a Brasília nesta quinta-feira (17/09) para encontrar a presidente Dilma Rousseff. Ele esteve com ela no Palácio da Alvorada no meio da tarde de quinta. Depois do encontro com Dilma, Lula jantou com ministros petistas. Na ocasião, ele saiu em defesa do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Apesar de já ter defendido a saída de Mercadante, diante da ausência de uma opção para colocar na pasta e da possibilidade de piora da crise política, ele concordou que o ministro fique no cargo e
não seja remanejado na reforma política, pelo menos por ora.
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Segundo um ministro que participou do jantar, Lula disse que Mercadante tem ;muitas qualidades; e é um dos principais quadros políticos do PT. Disse ainda que ele ganhou a confiança da presidente Dilma e que se há ministros que querem criticá-lo, que o procurem. Aos ministros do governo presentes no jantar, Lula ainda afirmou que sairá em defesa do pacote. ;Vou trabalhar pessoalmente na aprovação das medidas;, disse.
Além de Lula, foram escalados para fazer a articulação em torno do pacote o ministro das Comunicações e o assessor especial da presidente, Giles Azevedo. Ambos estiveram reunidos na tarde desta sexta com a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, para discutir composição da base, segundo um integrante do governo. O ex-presidente defendeu ainda o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, dizendo que ele ;faz o que pode;.
O ex-presidente cobrou ainda uma agenda pós-ajuste para ter o que apresentar à sociedade. Isso incluiria uma política de crédito e financiamento do setor produtivo.
O governo apresentou na segunda-feira uma série de medidas para suprir o déficit de R$ 30,5 bilhões no orçamento. Parlamentares indicaram que será difícil aprovar as medidas, principalmente a volta da CPMF, por isso o reforço na articulação.
A intenção é cortar R$ 26 bilhões, com ações como suspensão de concursos públicos e corte de gastos no Minha Casa, Minha Vida e PAC. Dilma apresentará até a próxima quarta-feira a reforma em que pretende eliminar pelo menos 10 ministérios.