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Lava-Jato mira em contas de almirante da Eletronuclear no exterior

O alvo do inquérito são cinco offshores situadas no exterior e atribuídas a Othon Luiz

Agência Estado
postado em 21/09/2015 12:47
A Polícia Federal abriu nova etapa da investigação contra o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear preso na Operação Radioatividade - desdobramento da Lava -ato - por suspeita de receber R$ 4,5 milhões em propinas nas obras de Angra 3. O alvo do inquérito são cinco offshores situadas no exterior e atribuídas a Othon Luiz. Os investigadores suspeitam que por essas empresas supostamente de fachada transitou dinheiro de propina em processo de lavagem do dinheiro.

A pedido da força-tarefa da Procuradoria da República na Lava Jato, a PF vai atrás dos registros de constituição de Hydropower, Área Geofísica, Agata International, Well Channel e Holding 2001 todas relacionadas a Othon Pinheiro e familiares ou a transferências por eles realizadas.



O documento do Ministério Público Federal é subscrito pelos procuradores Athayde Ribeiro Costa e Paulo Roberto Galvão de Carvalho. Eles sugerem à PF, inicialmente, que realizem as buscas por meio dos bancos de dados públicos ou mediante os acordos de cooperação à disposição da Polícia.

O almirante foi preso no dia 28 de julho. Em 3 de setembro, Othon Luiz e mais 13 alvos da investigação foram denunciados pela Procuradoria da República por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, embaraço à investigação e organização criminosa. A acusação foi recebida pelo juiz federal Sérgio Moro, que colocou o almirante no banco dos réus. É o primeiro processo criminal da Lava Jato fora do universo da Petrobrás, berço do esquema de propinas instalado entre 2004 e 2014.

Além de Othon Luiz, que está preso em uma base militar de Curitiba, são acusados sua filha, Ana Cristina da Silva Toniolo, o presidente da empreiteira Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, e o presidente da Andrade Gutierrez Energia, Flávo David Barra.

Quando indiciou criminalmente o almirante e os outros investigados da Radioatividade, a Polícia Federal informou a Procuradoria e o juiz Moro que precisava ;aprofundar a investigação;, incluindo a análise de documentos e mídias apreendidas quando a missão foi deflagrada.

A PF quer, ainda, fazer uma ampla leitura de e-mails dos executivos Gérson de Mello Almada e Cristiano Kok, da empreiteira Engevix , e abrir acervo de informática que totaliza 68 HDs de computadores e notebooks, 29 celulares e tablets, 71 dispositivos USB/pendrives, 24 CDs e DVDs, 34 dispositivos diversos (como disquetes e fitas).

A nova fase da investigação sobre o almirante da Eletronuclear compreende, também, acesso à delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia - apontado como o presidente do ;club vip; das gigantes da construção que se teriam apossado de contratos bilionários da Petrobrás.

Os investigadores querem acesso aos documentos entregues pela empreiteira Camargo Corrêa no âmbito do acordo de leniência firmado com o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão antitruste do governo federal.

Uma outra ponta da investigação da PF busca ;aprofundar a investigação quanto a todos os servidores da Eletronuclear que tiveram participação na definição dos critérios da pré-qualificação no Edital n; GAC.T/CN-005/11 e quanto a outras pessoas que teriam recebido parte da propina paga pelas empreiteiras;.

"Assim, considerando a impossibilidade de examinar todo o material à disposição da investigação e de apurar toda a gama de ilícitos praticados, o Ministério Público Federal manifesta-se pelo retorno do inquérito à autoridade policial para o prosseguimento do feito, com a realização das diligências já indicadas", finaliza o documento da Procuradoria.

Othon Luiz nega recebimento de propinas nas obras de Angra3. Logo no início das investigações, quando ainda estava preso em regime temporário por cinco dias - depois convertido em prisão preventiva - o almirante alegou que se sentia ofendido com as suspeitas lançadas contra ele.

Os outros investigados, como Otávio Marques e Flávio Barra, também não aceitam as acusações da força-tarefa da Lava Jato. Eles alegam inocência.

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