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Janot duvida de eficácia novo recurso de Pizzolato

Procurador-geral da República afirma que esta semana governo brasileiro saberá quando buscar réu condenado no mensalão que fugiu do país. Decisão de hoje deve facilitar extradição de outros procurados

Eduardo Militão
postado em 22/09/2015 17:21

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou na tarde desta terça-feira (22/9) que o réu do mensalão Henrique Pizzolato não deve ter sucesso em novos recursos judiciais para impedir sua extradição ao Brasil. O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil foi sentenciado a doze anos e sete meses de cadeia por corrupção passiva, desvio e lavagem de dinheiro, mas fugiu para a Itália para não ser preso. Hoje, Pizzolato perdeu mais um recurso perante as autoridades italianas e está perto de cumprir sua pena em terras brasileiras.

[SAIBAMAIS]Janot disse que o réu pode recorrer à Corte Europeia de Direitos Humanos, mas acredita que isso não vai mudar a situação do ex-diretor. ;É improvável que ele consiga alguma medida cautelar para ali permanecer;, afirmou o procurador no intervalo da sessão do Conselho Nacional ;Esse sistema de recursos é como o brasileiro: cada vez que você vai subindo a jurisdição, esses recursos vão ficando cada vez mais difíceis e exigentes. Em tese, é possível, mas é improvável que isso venha a acontecer.;


O procurador disse que esta semana o governo da Itália deve informar ao Itamaraty a data em que Pizzolato poderá ser trazido de volta ao Brasil. A operação será conduzida pela Polícia Federal.

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Outros casos


Segundo Janot, a importância da decisão do Conselho de Estado da Itália hoje é reconhecer que ;algumas unidades prisionais estão aptas a receber presos;, o que pode ;abrir as portas; para extraditar outros réus procurados na Europa.


Pelo menos mais dois condenados são procurados no Velho Continente: o Ronald van Collwijk, foragido na Itália, e um réu na Inglaterra.


Mas há alguns ;casos perdidos; sob o argumento de que as prisões brasileiras impedem a extradição de réus por não terem condições mínimas de respeito aos direitos humanos. Investigadores da Procuradoria Geral da República (PGR) contabilizam essas ;perdas; na Dinamarca, Áustria e no Reino Unido.


Cobrança


No início do ano, representantes da PGR disseram que iriam cobrar de volta de Pizzolato os valores gastos com sua extradição ; como contratação de advogados e tradução de peças e acórdãos. Semanas depois, integrantes da Advocacia Geral da União (AGU) afirmaram ao Correio que essa iniciativa seria incomum e inédita. Hoje, Janot disse que cobrar dinheiro de Pizzolato é algo a se ;examinar no momento oportuno;.

;Cada dia a sua agonia;, completou.


Acusação


Ex-diretor de marketing do Banco do Brasil filiado ao PT, Pizzolato foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em agosto de 2012. Segundo a denúncia, ele cometeu crime ao receber R$ 326 mil do operador do esquema do mensalão, o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza.

A acusação do Ministério Público sustenta que o valor foi pago para que ele liberasse o pagamento antecipado de R$ 73 milhões do fundo Visanet, composto por vários bancos como o BB, para a agência DNA Propaganda.


O fundo e os empréstimos do Banco Rural, considerados forjados pelo STF, foram algumas das fontes de financiamento do mensalão. O esquema consistia em pagar deputados para que votassem a favor de projetos de interesse do governo no Congresso, como a reforma da Previdência de 2003.


Fuga


Após os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidirem pela prisão de Pizzolato, o réu fugiu para a Itália em setembro de 2013, usando documentos do irmão morto em 1978. Ainda naquele ano, a Interpol colocou o réu condenado em lista de ;difusão vermelha;, para. Em fevereiro de 2014, foi preso em Maranello. Pizzolato só foi solto em 28 de outubro do ano passado, quando a Corte de Bolonha negou sua extradição, alegando que as prisões brasileiras não tinham condições de segurança para manter o réu detido. A Advocacia-Geral da União (AGU) do Brasil recorreu à Corte de Cassação de Roma, uma espécie de ;STJ; dos italianos, que reverteu a decisão anterior.


Pizzolato afirma ser inocente no processo do mensalão. Ele já disse que fiscalizar o contrato da Visanet com a DNA não era de sua responsabilidade. ;Não fiz mal algum;, disse ele em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo em novembro passado, após ser solto. ;Temos todas as provas no processo. Não foi um processo pela Justiça. A política é suja e sempre foi assim.;


Pizzolato disse que auditorias internas e do Tribunal de Contas aprovaram a gestão do contrato com a agência de publicidade e que não houve desvio de ;um só centavo; sequer do banco do Brasil. Para ele, a acusação do mensalão era de responsabilidade da oposição. ;Não estavam satisfeitos que um trabalhador, como Lula, estivesse no poder. Há 500 anos o comando do Brasil mudava de mãos entre as elites.;

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