Eduardo Militão
postado em 29/09/2015 21:56
Mensagens de correio eletrônico apreendidas pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato mostram que a secretária do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, encaminhou o currículo do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), a empresas que, dias depois, fariam doações eleitorais à campanha do tucano.Um relatório da PF descreve uma série de emails da empreiteira noticiando contatos políticos com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e negócios na Namíbia, como um lobby em favor da empreiteira, relatado pelo próprio ministro do Desenvolvimento em 2009, Miguel Jorge. A assessoria do ex-presidente afirmou que ele teve ;atuação lícita, ética e patriótica; e em ;defesa dos interesses nacionais;.
No mesmo documento, a PF lista três emails idênticos de 9 de agosto de 2010. A secretária-executiva de Marcelo Odebrecht, Darci Luz, envia o currículo de Beto Richa, então candidato a governador, para as secretárias de presidentes de três grandes empresas: Gerdau, Bunge e Suzano. Darci afirma que as mensagens são enviadas a pedido do próprio Marcelo.
Dias depois das mensagens, a campanha do governador ganhou R$ 580 mil. A Gerdau doou R$ 250 mil para a campanha de Richa no dia 19 de agosto e mais R$ 250 mil no dia 25, mas para o diretório estadual do PSDB no estado. A Bunge doou R$ 80 mil para o governador em 20 de agosto. A Suzano, o próprio Odebrecht e a Braskem, subsidiária da empreteira, não fizeram quaisquer contribuições.
Interpretações equivocadas
O Correio procurou Deonilson Roldo, chefe de gabinete de Richa, na noite desta terça-feira (29/9), mas não o localizou em seus telefones, para saber qual o motivo do envio dos currículos.
A reportagem também procurou a assessoria da Odebrecht na noite de hoje, mas sem sucesso. Em resposta a e-mails contidos no mesmo relatório e que se referem a Lula, a empreiteira lamenta que houve ;a divulgação e interpretações equivocadas sobre mensagens sem qualquer relação com o processo em curso;. A reportagem não localizou a Gerdau, Suzano e Bunge.
Veja a nota da assessoria da Odebrecht
;A Odebrecht esclarece que os trechos de mensagens eletrônicas divulgados apenas registram uma atuação institucional legítima e natural da empresa e sua participação nos debates de projetos estratégicos para o País -- nos quais atua, em especial como investidora. A empresa lamenta, no entanto, a divulgação e interpretações equivocadas sobre mensagens sem qualquer relação com o processo em curso. O referido projeto da Hidrelétrica de Baynes, na Namíbia, não foi realizado.;