Agência Estado
postado em 01/10/2015 15:32
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu cancelar a viagem que faria nesta quinta-feira (1;/10) para a Itália. Segundo Cunha, ele decidiu ficar em Brasília para poder comparecer ao casamento do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Veio a público hoje a informação de que Cunha foi denunciado por um banco suíço por lavagem de dinheiro. Ontem, o Ministério Público da Suíça enviou ao Brasil autos da investigação contra Cunha por suspeita de lavagem e corrupção passiva.O presidente da Câmara negou que tenha adiado sua viagem à Itália por conta das denúncias de que teria contas ilegais na Suíça. "Não tem a ver com nada. Eu estou aqui", disse. Segundo Cunha, ele decidiu na quarta-feira (30/9) que não iria mais viajar por causa do casamento do senador Romero Jucá (PMDB-RR). "Sou muito amigo do Jucá", disse. Cunha afirmou ainda que a viagem não valeria a pena. "Achei que era muito corrida para um evento que não tem o tamanho que justificasse uma corrida tão grande", disse.
No roteiro inicialmente previsto, Cunha e uma comitiva iriam para Milão e Roma. Na capital italiana, o deputado participaria do Primeiro Fórum Parlamentar Itália - América Latina e Caribe. A agenda de Milão não foi informada. Seria a terceira viagem internacional desde que Cunha assumiu a presidência da Câmara. Há pouco mais de um mês, Cunha foi a Nova York participar da quarta edição da Conferência Mundial de Presidentes de Parlamentos, na sede da ONU.
As viagens de Cunha tornaram-se alvo de críticas por causa de um tour diplomático realizado no primeiro semestre pela Rússia e Oriente Médio. A viagem de sete dias do presidente da Câmara e outros 13 deputados por Israel, pelo território palestino e pela Rússia, em junho deste ano, custou cerca de R$ 395 mil aos cofres públicos. As despesas foram com passagens aéreas, taxas de embarque e diárias para hospedagem e alimentação.
Alguns deputados utilizaram o dinheiro da cota parlamentar destinada a despesas com passagens aéreas e, por isso, a Câmara calcula que os custos da missão são de R$ 347 mil. A Câmara informou em julho não ter pagado as despesas das sete mulheres dos parlamentares, inclusive a de Cunha, e de amigos deles que acompanharam a missão. A Casa disse ainda que a parte turística da viagem foi paga pelos anfitriões.
O Ministério Público da Suíça enviou ontem ao Brasil os autos da investigação contra Cunha por suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Segundo a Procuradoria-Geral da República, os dados encaminhados relatam contas bancárias mantidas em nome do presidente da Câmara e parentes no país europeu. As contas foram bloqueadas.
Questionado nesta quinta se temeria perder apoio político com as novas denúncias envolvendo seu nome, ele rebateu. "Eu não estou atrás de apoio, por que é que eu vou perder?, não estou atrás", disse, encerrando a coletiva de imprensa.