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Senado rejeita PEC que criaria Instituição Fiscal Independente

O substitutivo à PEC recebeu 40 votos a favor, 19 contra e ainda houve duas abstenções. Para ser aprovada, ela teria que receber pelo menos 49 votos favoráveis

Na véspera do julgamento do Tribunal de Contas da União (TCU) que pode recomendar ao Congresso a reprovação das contas do governo Dilma Rousseff, o Senado rejeitou nesta terça-feira, 6, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que criaria a Instituição Fiscal Independente (IFI). A finalidade do órgão, vinculado ao Poder Legislativo, seria de acompanhar o cumprimento das metas fiscais do governo, aferindo a consistência das projeções orçamentárias e identificando o impacto fiscal de projetos apresentados por parlamentares.

O substitutivo à PEC recebeu 40 votos a favor, 19 contra e ainda houve duas abstenções. Para ser aprovada, ela teria que receber pelo menos 49 votos favoráveis. A rejeição da medida é um derrota política importante para o autor da proposta e presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele tinha a PEC como uma das suas principais bandeiras legislativas para o ano.

Na justificativa à proposta, Renan disse que a instituição não tinha competência para julgar as contas do governo ou regulamentar a política fiscal. Mais cedo, logo após se reunir para discutir a proposta com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, Renan havia defendido a IFI. "É um órgão que vai criar condições para que tenhamos uma avaliação fiscal, para evitar essa coisa que está sendo contestada agora no Tribunal de Contas Esses avanços institucionais é que têm que ser preservados", disse.

O órgão seria dirigido por um Conselho Diretor composto por três membros. O diretor-geral seria indicado pelo presidente do Congresso, hoje Renan, um segundo diretor ficaria a cargo da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e um terceiro, pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara. Os indicados, que precisariam ser brasileiros, teriam de ter reputação ilibada e serem detentores de notório saber nos temas atinentes à instituição, além de passar por sabatina pública e aprovação do Congresso.

O mandato dos membros do conselho seria de seis anos, sem direito à recondução. Os mandatos serão intercalados, cada um assume de dois em dois anos. No primeiro mandato, o diretor-geral terá seis anos, o segundo diretor, quatro e o terceiro, dois.

Parlamentares da base aliada e da oposição criticaram a proposta O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que a proposta era uma tentativa de evitar a adoção de políticas anticíclicas para retirar a economia de crise. O senador Roberto Requião (PMDB-PR) classificou a iniciativa de "absurdo completo" e afirmou que a medida levaria à precarização absoluta do Congresso. "É a tecnocracia se sobrepondo à política", disse. "Não vejo sentido a essa instituição que vai se assemelhar em autonomia e independência ao Ministério Público e ao Judiciário", considerou

O relator da PEC, senador José Serra (PSDB-SP), disse que a proposta, que teria um quadro funcional de 38 funcionários e custo inicial de R$ 6 milhões, serviria para ajudar a melhorar a contabilidade do governo. "Considero a possibilidade de saber quanto custa cada coisa revolucionário, não subversivo", disse.

O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), chegou a sinalizar ser a favor da PEC. Ele destacou o fato de o texto prever a mensuração dos impactos de eventos fiscais relevantes, especialmente os decorrentes de decisões dos poderes da República, incluindo os custos das políticas monetária, creditícia e cambial.