Politica

Cunha nega acordo com governo para arquivar pedido de impeachment

Ex-presidente está em Brasília para realizar conversas de aproximação entre o peemedebista e o Planalto

postado em 15/10/2015 10:54

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou hoje (15/10) qualquer tipo de acordo para negociar com o governo sua manutenção no cargo, em troca do arquivamento de pedidos de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff.

Cunha classificou como ;ridículas; as reportagens veiculadas hoje por alguns jornais afirmando que o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva estaria comandando as negociações com ele, que aguarda representação a ser aberta no Conselho de Ética.

;É tão ridícula que me atribui diálogos com pessoas com as quais não falo há três meses.; Umas das notícias indicava que o almoço de ontem (14), entre Cunha e o vice-presidente da República Michel Temer, teria servido como cenário para discutir estratégias.

;Eu almoço com Michel Temer e isso vira acordo! É brincadeira;, ironizou, ao afirmar que não há um dia em que os dois estão em Brasília sem que se encontrem. ;Vou 11h da noite ou 8h da manhã e vocês não tomam nem conhecimento.;

Eduardo Cunha informou que se encontrou com o ministro da Casa Civil, Jacques Wagner, na semana passada e nesta semana.

;Ele não propôs acordo nenhum. Eu conversar com ministro significa que tem de ter proposta de acordo? Acho isso tão ridículo. Na quinta-feira (8/10), tomei café com [o ministro] Edinho [Silva]. Ter um encontro com alguém significa que tem de ter acordo? Tenho de dialogar com todo mundo. Esse é meu papel;.

O presidente da Câmara destacou que sempre disse que agiria com independência, ;nem como governo, nem como oposição;.

Sobre especulações em torno de uma conversa com Lula, Cunha foi categórico ao afirmar que não fez qualquer contato com ele ou recebeu qualquer ligação.

;Não tenho problema algum de encontrar com ele, mas não encontrei. Não marquei encontro e ele não me procurou. Tenho o maior prazer de conversar com qualquer agente político. Conversar, converso com o maior prazer. E não estou falando que não encontrei porque não queria encontrar.;

Eduardo Cunha disse ainda que não considera conversa um sinal de desespero. Segundo ele, é uma atribuição política. ;Para mim é normal.; Acrescentou que também considera natural que o governo busque dialogar pelo interesse no andamento de suas pautas na Casa. ;Isso não quer dizer que existam acordos que não podem ser públicos;, concluiu.

Impeachment

Cunha deve receber, até amanhã (16), o novo pedido de impeachment elaborado por partidos de oposição, que juntaram aos argumentos apresentados pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale e Janaína Pascoal informações do Tribunal de Contas da União (TCU).

Líderes que assinam o documento disseram hoje que não cobrarão prazos, mas esperam que o presidente da Câmara ;cumpra seu dever constitucional; de decidir sobre o documento o mais rápido possível.

Rubens Bueno (PPS-PR) afirmou que uma demora pode sinalizar ;que, pelo menos, algo está acontecendo;. Para Bueno, mesmo com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu a resposta à questão de ordem sobre o processo de impeachment, que previa recurso no caso do presidente da Casa indeferir um pedido, a legislação e o Regimento Interno indicam os caminhos legais.

;Nós da oposição vamos cobrar de acordo com o Regimento Interno, que estabelece a possibilidade de recurso sobre qualquer decisão do presidente da Câmara. Como tal, vamos usar em plenário. Não vamos nos ater à questão de ordem que o STF suspendeu. Ao suspender, temos o Regimento Interno vigente desde o pedido relativo ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.;

Mendonça Filho (DEM-PE) preferiu não especular sobre negociações entre Cunha e o Planalto. Segundo ele, a oposição não ficará refém de um possível acordo.

;O único acordo que temos é o compromisso com a sociedade brasileira, de levar adiante o processo de impedimento da presidente Dilma com base na decisão do TCU e de toda robusta documentação provando tecnicamente as pedaladas fiscais de 2014. Tudo isso coloca o governo em xeque . O julgamento tem de ser feito pelo Congresso brasileiro,0 de acordo com o que determina a Constituição Federal. Não há outro acordo que não seja com a Constituição e a população.;

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