Politica

Oposição deve apresentar mais um pedido de impeachment da presidente

Depois de Dilma "lamentar" que Cunha esteja citado no petrolão, o peemedebista revida e diz que o "maior escândalo de corrupção do mundo" é com o governo brasileiro

postado em 20/10/2015 06:05

Em meio ao turbilhão de denúncias na Operação Lava-Jato e citado em depoimentos como um dos beneficiários, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, classificou ontem os desvios de recursos na Petrobras como o principal caso de corrupção mundial. Em sua primeira entrevista à imprensa após a revelação de documentos que provam a ligação com contas secretas na Suíça, Cunha rebateu a frase da presidente Dilma Rousseff, que lamentou o envolvimento do deputado no caso. ;Eu lamento que seja com um governo brasileiro o maior escândalo de corrupção do mundo;, afirmou Cunha. Mesmo diante de novas evidências, ele reforçou que não renunciará ao cargo.

Durante viagem à Suécia, no domingo, a presidente lamentou que as denúncias relacionadas a Cunha envolvam um brasileiro ao ser questionada sobre a repercussão internacional do escândalo de corrupção. ;Eu lamento que seja um brasileiro;, disse. Ela se negou a comentar as contas do deputado não declaradas na Suíça, nas quais teria recebido propina, e negou acordo entre o Planalto e o peemedebista para que ambos se mantenham no poder. Está nas mãos de Cunha a decisão sobre um eventual pedido de impeachment da petista.

Em resposta a três liminares do Supremo Tribunal Federal emitidas no último dia 13 que paralisaram o rito dos pedidos de afastamento, Cunha entregou ontem três agravos ao STF contestando dois mandatos de segurança e a uma reclamação. Na tarde de ontem, o presidente da Câmara fez sugestões à prévia das peças apresentada por assessores jurídicos da Casa a ele. ;Estamos trabalhando nisso desde o início da semana passada. Tomamos todos os cuidados no sentido de apresentar a realidade dos fatos;, disse ao Correio o secretário-geral Sílvio Avelino.

As medidas colocaram um freio na tramitação dos pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff, uma vez que impediram o rito combinado previamente entre Cunha e a oposição, que permitiria que o plenário aprovasse, com maioria simples, o prosseguimento de pedidos de afastamento indeferidos pelo peemedebista. Ontem, era o prazo limite para apresentação dos recursos, mas a Câmara tem mais cinco dias para prestar informações à Corte. A oposição apresenta hoje um novo pedido de impeachment da petista (leia abaixo).

As liminares do STF não impedem, contudo, que Cunha decida sozinho sobre a questão. Ele disse que tem legitimidade para a função e todas as outras do cargo. O deputado negou acordo para ser blindado na CPI da Petrobras e no Conselho de Ética, que deve iniciar na próxima semana a discussão sobre quebra de decoro parlamentar. Segundo ele, não é necessário apoio do PMDB para a defesa e sim ;provar o contrário do que acusam para que possa a maioria do Conselho e do plenário se satisfazer com as defesas que vão ser feitas;. ;Não é uma situação política, é técnica;, disse.

Cunha se recusou a comentar as recentes denúncias contra ele, como comprovação da existência de contas na Suíça e novas delações sobre recebimento de propina. Ele se limitou a dizer que seus advogados estão pedindo informações devidas e que vale o conteúdo da nota à imprensa emitida por ele na sexta-feira. No texto, o deputado critica a atuação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem acusa de ;vazar maciçamente supostos trechos de investigação; a fim apenas de desestabilizar a gestão de Cunha e sua ;imagem de homem público;. O deputado não explicou, contudo, as movimentações financeiras.

Votações
Sobre a atuação com as medidas propostas pelo Executivo, Cunha negou ter travado votações e criticou a falta de apoio do governo. ;Se o governo sofreu derrotas aqui, é porque não tem uma base em condições de dar o quórum. O governo precisa primeiro recompor a sua base. O presidente (da Câmara) é apenas operador dos trabalhos;, disse.

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