Eduardo Militão
postado em 28/10/2015 07:22
Investigadores da força-tarefa da Operação Zelotes apontam que ;abanar o rabo; era um dos códigos usados pelos lobistas das montadoras MMC Mitsubishi e Caoa Hyundai para ;comprar; a Medida Provisória 471, que estendeu benefícios fiscais para o setor automobilístico. A mensagem é uma resposta do lobista Alexandre Paes dos Santos, o APS, para o hoje número 2 do Ministério do Turismo, Alberto Alves, que foi gerente de representação da associação das montadoras (Anfavea).[SAIBAMAIS]Segundo a Operação Zelotes, a medida provisória foi ;comprada; por meio de dinheiro pago pelas montadoras ao consórcio de escritórios Marcondes & Mautoni, de Mauro Marcondes, e SGR Consultoria, de propriedade de APS. As investigações apontam que R$ 6,4 milhões seriam distribuídos pelos lobistas a ;colaboradores; para a aprovação da norma, o que policiais e procuradores do Ministério Público entendem como destinatários de propina.
Em um e-mail de 16 de dezembro de 2009, às 22h17, horas depois de a Câmara aprovar a MP 471, o então dirigente da Anfavea, Alberto Alves, parabeniza APS pelo feito. E pergunta quem será o relator no Senado. ;Como ela foi aprovada sem emendas, vai dar para intrujar aquela que vcs fizeram?;, questiona o hoje secretário executivo do Ministério do Turismo, segundo cargo abaixo do ministro da pasta, Henrique Eduardo Alves (PMDB).
APS responde que não. ;Para aquela emenda ter entrado era necessário que alguém abanasse o rabo, e ninguém se mexeu;, responde o lobista no dia seguinte, às 19h02. Segundo relatório da PF, era uma referência ao fato de a Caoa Hyundai não ter pago os valores combinados com os lobistas da M e da SGR. ;Como esta não sinalizou que queria ou pagaria, isto é, como a Caoa não ;abanou o rabo;, eles não se movimentaram para consegui-la;, diz o relatório da PF.
A reportagem não localizou advogados de APS, que foi preso anteontem pela PF na quarta fase da Zelotes e está recolhido na Papuda, em Brasília. Alberto Alves disse ao Correio na noite de ontem que só comentaria o caso por meio da assessoria do ministério, que distribuiu uma nota à imprensa. No texto, porém, ele não esclarece qual emenda escrita por APS ele desejava ;intrujar; na Medida Provisória n; 471. ;Alberto Alves esclarece que deixou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores ; Anfavea ; há mais de três anos e, enquanto ocupava a gerência de Relações Institucionais e Governamentais da entidade em Brasília, tinha por dever de ofício acompanhar o debate sobre matérias de interesse do setor automotivo no Congresso Nacional;, disse o secretário executivo em nota. A Anfavea não prestou esclarecimentos ao jornal. Na segunda-feira, a entidade afastou Mauro Marcondes, preso na Zelotes, da tesouraria da associação.
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