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Zelotes: filho de Lula diz que projetos que fez não saíram do papel

Em depoimento à PF, Luis Cláudio Lula da Silva afirma que fez %u201Crelatórios%u201D em %u201Cprojetos%u201D para a Marcondes & Mautoni depois que perdeu patrocínio da Hyundai para torneio de futebol americano

Eduardo Militão
postado em 05/11/2015 20:58

Um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse à Polícia Federal que fez ;relatórios; sobre ;projetos; esportivos para uma das empresas investigadas na Operação Zelotes, mas que esses empreendimentos não saíram do papel. A LFT Marketing Esportivo, de Luis Cláudio Lula da Silva, recebeu R$ 1,5 milhão só em 2014 da Marcondes & Mautoni, escritório de lobby suspeito de repassar propinas de montadoras de automóveis para políticos e servidores em troca da ;compra; de Medidas Provisórias para reduzir impostos do setor.

Em depoimento, o empresário afirmou que os pagamentos foram recebidos entre junho de 2014 e março de 2015, de acordo com nota divulgada na noite desta quinta-feira (5/11) por seu advogado, Cristiano Zanin. A LFT Marketing Esportivo não tem nenhum funcionário registrado.

Luis Cláudio disse à PF na quart-feira que perdeu o patrocínio da Caoa Hyundai para o torneio de futebol americano que organiza, o Touchdown, verba que recebeu durante dois anos. A partir daí, teve contato com a consultoria de Mauro Marcondes, empresa de lobby contratada pela Caoa e pela Mitsubishi para, segundo a PF, comprar medidas provisórias. ;Luis Cláudio (...) disse ter chegado a essa empresa quando procurava patrocínio no setor da indústria automobilística, medida necessária pela perda do patrocínio da Hyundai, após 2 anos de participação no ;Torneio Touchdown;", esclareceu Zanin na nota de hoje.

Na semana passada, a Polícia Federal prendeu seis pessoas na Operação Zelotes, todas consideradas integrantes de esquema de corrupção e tráfico de influência para derrubar cobranças de impostos e ;comprar; medidas provisórias que reduzem tributos. No caso de Luis Cláudio, a 10; Vara Federal determinou que os policiais fizessem busca e apreensão em três empresas do filho do ex-presidente.

O M contratou a LFT em 2014 e 2015 para fazer ;projetos; relacionados à Copa do Mundo e às Olimpíadas. Os relatórios desses projetos foram entregues quarta-feira e hoje à PF. Mas os empreendimentos não saíram do papel, razão pela qual não foram contratados funcionários. ;Luis Claudio esclareceu que, para os trabalhos em questão, não houve subcontratação ou terceirização de outras empresas, o que poderia ter ocorrido, se houvesse a implementação dos projetos ofertados;, explicou Zanin.

O advogado afirmou que parte do dinheiro recebido da M foi usado no torneio Touchdown. Mesmo na competição, não há empregados com carteira: a LFT subcontrata prestadores de serviço.

Para o advogado, o depoimento de Luis Cláudio afastou dúvidas de "existência de qualquer ilegalidade". Ele criticou o Ministério Público por solicitar a busca e apreensão, mas não reclamou da autorização da juíza que cuidava do caso, Célia Regina Ody Bernardes. Zanin afirmou ainda que houve ;desmesurada exposição midiática do tema;.

Rejeição

A CPI do Carf do Senado rejeitou nesta quinta-feira (5/11) convocar o Luis Cláudio e ex-integrantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, rejeitaram quebras de sigilo e outros pedidos feitos pelo presidente do colegiado, o oposicionista Ataídes Oliveira (PSDB-TO). Membros da base aliada reforçaram a presença na comissão pela manhã para derrubar os requerimentos de convocação do empresário Luis Cláudio Lula da Silva, do ex-chefe de gabinete da Presidência Gilberto Carvalho e da ex-ministra Erenice Guerra. Todos são investigados na Operação Zelotes. Na semana passada, a Polícia Federal prendeu seis pessoas no caso, todas consideradas integrantes de esquema de corrupção e tráfico de influência para derrubar cobranças de impostos e ;comprar; medidas provisórias que reduzem tributos.

O senador Ataídes disse que a convocação dos investigados ligados a Lula era importante. ;Há ligação contundente dos ex-ministros e do Luís Cláudio na venda de medidas provisórias;, disse o presidente da CPI. ;Esses requerimentos já haviam sido apresentados por mim e foram rejeitados. Agora, diante de novos fatos da quarta fase da Operação Zelotes, vejo que há fraturas expostas em relação a esses três convocados.;

Mas a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e outros colegas da base aliada protestaram. ;É a terceira vez que o requerimento sobre a ex-ministra Erenice é votado;, lembrou ela. ;São requerimentos com objetivos meramente políticos. Nós não vamos desvirtuar os objetivos da CPI.; Vanessa foi contra a convocação de Luis Cláudio, filho de Lula. ;Uma grande injustiça está em curso. Não há nada que sugira que ele tenha cometido algum crime. Luís Cláudio é apenas dono de uma empresa que recebeu pelo serviço prestado a um escritório envolvido no escândalo de corrupção.;

Extorsão

Hoje, o comerciante e ex-suplente de deputado Halysson Carvalho (PMDB-PI) na CPI negou as acusações de ter feito extorsão para que os escritórios e as montadores pagassem a propina devida no esquema. Ele disse aos senadores que sequer sabia o significado da palavra ;Carf;. Halysson é um dos presos na Papuda. Seu advogado, João Soares Neto, disse ao jornal que a Polícia Federal não comprovou que os emails que cobram o pagamento de US$ 1,5 milhão para não denunciar a compra das medidas provisórias partiram de computadores de Halysson. O comerciante está detido na Papuda.

Ontem, o novo juiz da Zelotes, Vallisney de Oliveira, negou a transferência de Halysson para a carceragem da PF em Teresina, no Piauí.

O advogado Eduardo Valadão, outro detido na Zelotes, foi à CPI do Carf hoje, mas se negou a comentar o caso. Ele é suspeito de fazer parte do consórcio de escritórios de lobby para compra de Medidas Provisórias.

O Correio apurou que a PF foi hoje tomar depoimentos de um investigado na Papuda.

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