Politica

Lava-Jato: João Vaccari Neto trocou doação da Engevix, diz deputado

Paulo Teixeira diz que contribuição de R$ 190 mil era para outro político, mas não foi possível corrigir engano

Eduardo Militão
postado em 19/11/2015 19:02
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto trocou uma doação eleitoral de R$ 190 mil da Engevix, empresa investigada na Operação Lava-Jato, e colocou ;por engano; na prestação de contas da campanha do ex-líder da legenda na Câmara Paulo Teixeira (SP). A informação foi prestada na manhã desta quinta-feira (19/11) pelo deputado, em depoimento por videoconferência ao juiz do caso no Paraná, Sérgio Moro.

Teixeira depôs como testemunha de defesa do ex-tesoureiro na ação em que ele e o ex-ministro José Dirceu, preso na fase ;Pixuleco; da Lava-Jato, são acusados de se beneficiarem de parte dos R$ 60 milhões que a Engevix pagou de propina para obter seis contratos com a Petrobras. Parte desse dinheiro entrou na conta do PT por meio de doações oficiais, segundo o Ministério Público. Vaccari foi condenado por Moro em setembro por recebeu doações oficiais da empresa Setal, que, segundo o juiz, mascarava propina dessa outra empreiteira.

Segundo o ex-líder do PT na Câmara, toda a arrecadação de R$ 3,9 milhões de sua campanha do ano passado foi feita por sua equipe e não pelo tesoureiro, embora as empresas às vezes optasem por fazer o repasse por meio do partido. A exceção foi a doação da Engevix. O deputado procurou Vaccari. ;Eu liguei diretamente a ele;, afirmou Teixeira. ;Tem uma doação que eu desconheço. Ele me disse: ;Houve aí uma troca, mas não é possível mais desfazer;.;

Moro perguntou a Teixeira qual era a empresa correta que deveria ter doado para ele e quem era o deputado correto que deveria receber o dinheiro da Engevix. Mas ele não soube responder nenhuma das duas perguntas. Tanto ele como o deputado Ságuas Moraes (PT-MT), que também foi ouvido nesta quinta, disseram que o tesoureiro não arrecadava para as suas campanhas. ;Vaccari não fez qualquer solicitação a empresário para destinar recursos às minhas contas eleitorais, agora certamente ele fazia pedidos de doações às empresas para o partido;, explicou Teixeira.

A denúncia diz que o lobista Milton Pascowith participou do esquema. Ságuas disse que não o conhece. Teixeira afirmou que, se o conheceu, foi há mais de dez anos.

Carros
Caros apreendidos do senador Fernando Collor (PTB-AL) foram comprados, ao menos em parte, com dinheiro do doleiro Alberto Youssef. A informação consta em laudo da Polícia Federal, revelado pelo jornal Folha de S.Paulo nesta quinta. Os veículos foram devolvidos por ordem do Supremo Tribunal Federal, onde Collor responde a pelo menos três investigações, uma delas com denúncia. O senador disse não ter relacionamento com Youssef e nem pode ser responsabilizar pelos pagamentos fracionados em suas contas, método identificado pela PF, para ;honrar compromissos; com Collor. ;Se terceiros se utilizaram desse expediente para honrar compromissos com o senador (...), isso jamais foi de seu conhecimento;, disse ele, em resposta ao jornal.

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