Politica

Moro mantém ex-dirigente da Petrobras preso por mais cinco dias

Polícia Federal suspeita que Gonçalves pretendia enviar dinheiro para o exterior ou se mudar porque encontrou uma anotação em sua residência

Eduardo Militão
postado em 20/11/2015 20:21

O juiz da Operação Lava-Jato no Paraná, Sérgio Moro, determinou, na noite desta sexta-feira (20/11), que o ex-dirigente da Petrobras Roberto Gonçalves e o operador Nelson Martins Ribeiro fiquem mais cinco dias na cadeia. Eles foram preso na segunda-feira suspeitos de receber propina do esquema de corrupção na estatal. As detenções ocorreram na 20; fase da Lava-Jato, apelidada de ;Corrosão;.

A Polícia Federal suspeita que Gonçalves pretendia enviar dinheiro para o exterior ou se mudar porque encontrou uma anotação em sua residência com a frase ;moving to north;. Para Moro, a anotação ;não é tranquilizadora;. Além disso, ele destacou outros manuscritos feitos por Gonçalves.


A anotação "Picte ; não" é "provável referência ao Banco Pictet", onde Mario Goes diz que foram pagas propinas para o ex-dirigente da estatal. "Também há referências a ;LO; e a ;Kramer;, que podem ser referências aos Bancos Lombard Odier e Banco Cramer, duas instituições financeiras com agências na Suíça e nas quais agentes da Petrobrás, como Pedro Barusco, Renato Duque e Paulo Roberto Costa teriam recebido propinas", continuou o juiz.

A defesa entregou o passaporte de Roberto Gonçalves e disse que a suspeita da PF era "falta de lealdade" sobre os fatos. E disse que o cliente não iria manter em casa "caderninhos auto-incriminadores".

Para os advogados de Gonçalves, a polícia desconfiaria até se fosse encontrada uma Bíblia na casa do ex-dirigente da Petrobras. ;No contexto que acompanhamos hoje na Polícia Federal, ainda que fosse apreendida uma Bíblia Sagrada na residência do requerente, João Batista seria um falso curandeiro, Pedro um agitador e Jesus Cristo, provavelmente, um terrorista, contanto que, com isso, fosse mantida a prisão temporária do requerente", reclamaram os defensores James Walker Júnior e Thiago de Souza Barbosa.

Profissional da lavagem
Ao determinar a continuidade da prisão de Nelson Ribeiro, o juiz Sérgio Moro disse que as provas indicam que ele "dedica-se profissionalmente à corrupção e à lavagem de dinheiro." O operador usou três contas secretas no paraíso fiscal das Ilhas Cayman para depositar US$ 5,6 milhões em propinas para o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, segundo o magistrado.

Parte do dinheiro recebido por Ribeiro veio das offshores Klienfeld Services, Innovation Researd, Trident Trading e Constructora Internacional del Sur. Essas empresas foram usadas para fazer pagamentos de suborno para os ex-dirigentes da Petrobras Pedro Barusco e Renato Duque, de acordo com o Ministério Público. Em seu depoimento, Nelson Ribeiro praticamente ficou em silêncio.

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