Politica

Ministros veem ação de senador como "comportamento típico de máfia"

Em sessão extraordinária, integrantes do STF apoiam decisão de Teori de prender Delcídio do Amaral, e repudiam falas do petista que indicavam tentativa de influir nas investigações da Corte

Especial para o Correio
postado em 26/11/2015 08:04
Em sessão extraordinária realizada ontem, a 2; Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) referendou, por unanimidade, a prisão preventiva do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), autorizada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no STF. O ex-líder do governo no Senado é suspeito de atrapalhar as investigações do escândalo da Petrobras. Para tentar impedir a delação premiada de Nestor Cerveró, o senador ofereceu uma ;mesada; de R$ 50 mil pelo silêncio do ex-diretor da Petrobras. Após a decisão do Supremo, a prisão de Amaral foi para análise no Senado.

Teori Zavascki (D) endossou as palavras de Rodrigo Janot de

O colegiado, convocado por Zavascki na manhã de ontem, confirmou ainda as prisões temporárias de André Esteves, dono do Banco BTG Pactual, e de Diogo Ferreira, chefe do gabinete do senador; além da prisão preventiva do advogado Edson Ribeiro, que defendeu Cerveró.

[SAIBAMAIS]Em gravações de conversas recentes entre Amaral, Bernardo Cerveró e Edson Ribeiro foram citados os ministros do STF Dias Toffoli, Edson Fachin, Gilmar Mendes e Teori Zavascki. O senador sugeriu que o grupo ;centrasse fogo no STF;, para pressionar os ministros por habeas corpus que assegurassem a liberdade de Cerveró. ;Infelizmente, nós estamos sujeitos a esse tipo de situação. Pessoas que vendem ilusões, mensageiros que tentam dizer ;conversei com fulano, sicrano, vou resolver a sua situação;. O que importa é o seguinte: O Supremo Tribunal Federal não vai aceitar nenhum tipo de intrusão nas investigações que estão em curso e é isso que ficou bem claro na tomada dessa decisão unânime em colegiado;, garantiu Toffoli.

Para Zavascki, Amaral se colocou como capaz de influenciar decisões judiciais por meio dos ministros, enquanto Fachin esclareceu que nunca falou com o senador sobre a Lava-Jato e que considera a menção ;lamentável;. O ministro Gilmar Mendes ressaltou, durante a reunião extraordinária, que não havia sido procurado para agir em favor de Cerveró. ;Nós temos contatos inevitáveis com parlamentares. Essa é uma marca da Brasília, e conversamos, inclusive, sobre o quadro político. Mas não recebi nem de parte do presidente do Congresso, Renan Calheiros, nem de parte do vice-presidente, Michel Temer, qualquer referência, ou apelo, ou outro caso em tramitação nesta corte.;



;Um comportamento digno de integrante de máfia; foi como o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, definiu os atos do grupo em relatório do Ministério Público Federal, afirmação reiterada por Teori Zavascki na sessão. No texto, o procurador-geral pontuou ainda que a tentativa de compra de silêncio de Cerveró por meio de pagamentos mensais à família dele seria um ;componente diabólico de embaraço à investigação.;

Criminosos
A ministra Cármen Lúcia afirmou que ;criminosos não passarão; pelo Judiciário e pelo povo brasileiro. ;Houve um momento em que maioria de brasileiros acreditou num mote em que a esperança tinha vencido o medo. No mensalão descobrimos que o cinismo tinha vencido a esperança. Agora parece que o escárnio venceu o cinismo;. A fala do ministro Celso de Mello foi no mesmo sentido, classificando a corrupção como uma ;patologia que se abateu sobre o Estado brasileiro;.

O advogado representante de André Esteves, Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, disse aos jornalistas após a sessão que é ;extremamente improvável; que o cliente tenha envolvimento com a tentativa de evitar a delação. ;Certamente, ele não participou desse tipo de conversa. Tanto é que a prisão decretada dele, embora seja muito grave, é uma prisão temporária, não preventiva. A regra é que quem tenta interferir no processo tenha prisão preventiva;.

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