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Delcídio: foi Dilma quem indicou Cerveró para a Petrobras

Em depoimento à Polícia Federal, senador disse que a presidente o consultou sobre a nomeação do acusado de corrupção para uma diretoria da Petrobras.

Eduardo Militão, Paulo de Tarso Lyra
postado em 28/11/2015 09:13
Dois dias após ser preso pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato e de ter sido abandonado pelo PT e pelo Planalto, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) declarou, em depoimento na Superintendência da PF em Brasília, que o ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró foi indicado pela presidente Dilma Rousseff, quando ela era ministra de Minas e Energia. Segundo Delcídio, ela o consultou em 2003, primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, sobre Cerveró, que havia trabalhado com Delcídio na Diretoria de Gás e Petróleo da Petrobras.

Segundo Delcídio do Amaral, em 2003, no primeiro ano do governo Lula, Dilma indicou Nestor Cerveró para a Diretoria Internacional: Planalto nega

Ainda de acordo com o senador petista, Dilma conhecia Cerveró desde o tempo em que era secretária de Energia do Rio Grande do Sul, na gestão de Olívio Dutra. Até então, a escolha de Cerveró era atribuída a uma dobradinha entre o próprio Delcídio e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República respondeu que ;presidenta Dilma Rousseff nunca consultou o senador Delcídio do Amaral ou qualquer outra pessoa acerca da nomeação de Nestor Cerveró para a diretoria da Petrobras;. E mais: ;No período em que exerceu a função de ministra de Minas e Energia, nunca sequer foi consultada ou mesmo participou, em qualquer medida, dessa indicação;. Ainda de acordo com a Secom, como ;é público e notório, a presidente da República não manteve relações pessoais com Nestor Cerveró, seja antes ou depois da sua designação para a diretoria da Petrobras;.

Delcídio também envolveu o vice-presidente, Michel Temer, alegando que ele tinha proximidade com o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada. Questionado sobre o que seria essa relação próxima, o político disse que preferia não responder. Preso na Lava-Jato, Zelada é acusado de atuar em nome do PMDB mineiro e de fazer parte de esquemas que renderam propinas a ele e ao partido na compra do navio Vantage.

Zelada também é suspeito de receber suborno para a compra de metade de um poço de petróleo em Benin, negócio de US$ 34,5 milhões que rendeu 1,3 milhão de francos suíços em corrupção para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ainda de acordo com o Ministério Público.

Em nota divulgada ontem, Temer alega que falou com Zelada em 2007 ; no mesmo ano em que esteve com seu antecessor, Nestor Cerveró, conforme revelou o Correio ; para discutir a Diretoria de Internacional da Petrobras. No entanto, afirmou que ;não indicou; Zelada ;nem trabalhou; para que ele se tornasse diretor da estatal. ;O presidente do PMDB nega qualquer relação de proximidade com Jorge Zelada e repudia veementemente as declarações do senador Delcídio;, afirmou a assessoria do vice-presidente da República.

O advogado de Zelada, Alexandre Lopes, disse que não tem como confirmar uma reunião de 2007, no entanto, atestou que a relação de seu cliente com Michel Temer é ;zero;. ;Primeiro, deve ser bravata. Só Temer pode responder;, continuou Lopes.

A assessoria de imprensa do senador Delcídio do Amaral comunicou ontem, por meio de nota, que ele se encontra ;abatido, porém sereno e concentrado, junto dos advogados, na formulação da sua defesa com o firme propósito de provar, o quanto antes, a sua inocência;.

Preocupação
Em uma gravação de 4 de novembro feita pelo filho de Nestor Cerveró, Bernardo Cerveró, o senador Delcídio afirma que Michel Temer estava preocupado com Zelada, que está preso em Curitiba. ;O Michel conversou com o Gilmar (Mendes, ministro do STF) também, porque o Michel tá muito preocupado com o Zelada, né?;, disse o parlamentar, no áudio, ao comentar tentativas de convencer os ministros do Supremo a soltarem Cerveró. Gilmar Mendes negou qualquer conversa.

Como mostrou o Correio na quarta-feira, o vice-presidente Michel Temer confirmou o relato do lobista Fernando Baiano sobre outra negociação pelo cargo de diretor Internacional da Petrobras. A assessoria do peemedebista afirmou que o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, lhe telefonou e pediu um encontro com Nestor Cerveró, que, naquela altura, estava ameaçado de perder o posto.

Temer recebeu o então diretor em 2007. Ele teria dito a Cerveró que não poderia ajudá-lo porque o cargo pertencia ao PMDB de Minas Gerais, comandado por Fernando Diniz, e já estava prometido a Jorge Zelada ; o que de fato aconteceria depois. A única divergência do vice-presidente é que, ao contrário do que disse o lobista, ele afirma que o pecuarista não participou da conversa com Cerveró.

Colaborou Julia Chaib

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