postado em 29/11/2015 09:12
Procuradores que integram a força-tarefa da Operação Lava-Jato correm contra o tempo para analisar documentos e reunir provas com o objetivo de prorrogar ou converter em preventiva a prisão do banqueiro André Esteves e do chefe de gabinete do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), Diogo Ferreira. Presos temporariamente por agentes da Polícia Federal nas primeiras horas da manhã de quarta-feira após indícios de que estariam obstruindo as investigações, as prisões vencem no início da manhã de segunda-feira. A expectativa é de que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente pedido ao plantão do Supremo Tribunal Federal (STF) até hoje. A denúncia de Esteves, Ferreira, Delcídio e do advogado Edson Ribeiro deve sair ainda esta semana.Os procuradores se reuniram ontem para preparar a solicitação. O possível pedido será analisado pelo ministro do STF Teori Zavascki, relator na Corte de todos os procedimentos relativos à Operação Lava-Jato. André Esteves, presidente do banco de investimentos BTG Pactual, foi transferido na noite de quinta-feira da sede da Polícia Federal no Rio, no centro, para o presídio Ary Franco, em Água Santa, na zona norte. Ele teve pedido de habeas corpus negado por Zavascki. A tendência é que é tanto Esteves quanto Ferreira permaneçam presos. Caso o Ministério Público Federal não encaminhe pedido neste fim de semana ao MPF, a Polícia Federal terá que os soltar .
Uma das principais provas contra Esteves que a força-tarefa tenta obter é a minuta do acordo de colaboração do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, preso na Lava-Jato. O documento sigiloso foi lido pelo senador Delcídio do Amaral durante a reunião de 4 de novembro, em Brasília, com o filho de Nestor, Bernardo Cerveró. Segundo o senador, a minuta foi repassada por Esteves.
O dono do BTG Pactual já é parte de investigações relacionadas ao senador e ex-presidente da República Fernando Collor (PTB-AL). Em depoimento de delação premiada, Cerveró disse que ele pagou propina ao político para conseguir passar 120 postos de combustíveis para a bandeira BR Distribuidora. Tanto Collor quando o banqueiro negam a informação.
Acusação
A Procuradoria-Geral da República deve apresentar denúncia contra Delcídio e os demais presos até amanhã. A previsão leva em conta o prazo mais curto para oficializar a acusação perante do Supremo Tribunal Federal em caso de investigado preso. O primeiro depoimento do senador à Polícia Federal ocorreu na quinta-feira. Ele alegou que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) teria relações de proximidade com o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada, preso na Lava-Jato. Por meio de nota, o peemedebista nega qualquer relação próxima com o ex-executivo. Alega apenas que falou com ele em 2007.
No mesmo depoimento, Delcídio também teria dito que o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, preso na Lava-Jato, teria sido indicado pela presidente Dilma Rousseff. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República respondeu que ;a presidente nunca consultou o senador Delcídio do Amaral ou qualquer outra pessoa acerca da nomeação de Nestor Cerveró para diretoria da Petrobras;.