Agência Estado
postado em 01/12/2015 09:43
Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, afirmou em depoimento à Procuradoria-Geral da República que o advogado Edson Ribeiro, que atuava para sua família, lhe entregou R$ 50 mil em espécie durante uma reunião entre os dois. Segundo o filho de Cerveró, o criminalista disse que o dinheiro foi enviado pelo senador Delcídio Amaral (PT/MS), ex-líder do governo na Casa. O parlamentar foi preso na quarta-feira (25/11) por tentar barrar as investigações da Operação Lava-Jato.[SAIBAMAIS]A base da custódia do senador é uma conversa gravada por Bernardo Cerveró. Em 4 de novembro, o filho do ex-diretor da Petrobras gravou uma conversa de 1h35 na qual Delcídio tentava atrapalhar uma possível delação premiada do executivo, preso desde janeiro. O senador ofereceu R$ 50 mil mensais para comprar o silêncio de Nestor Cerveró. Em 18 de novembro, o ex-diretor da estatal petrolífera fechou sua delação premiada com a Procuradoria-Geral da República.
Em depoimento aos procuradores da força-tarefa da Lava-Jato, Bernardo Cerveró narrou a atuação do senador e do então advogado da família, Edson Ribeiro - também preso por atrapalhar as apurações. Segundo o filho de Nestor Cerveró, um dos encontros entre ele e Ribeiro ocorreu no escritório do advogado Nelio Machado. O filho do ex-diretor da Petrobras afirmou que o Machado, advogado do lobista Fernando Baiano durante parte da Lava-Jato, não participou da reunião.
Ao Ministério Público Federal, Bernardo Cerveró contou que Edson Ribeiro "sempre seguia prometendo um habeas corpus" para o pai, preso desde janeiro deste ano. Em determinado momento, contou o filho do ex-diretor da estatal, ele procurou o irmão de Fernando Baiano, "porque o Nestor Cerveró e Edson Ribeiro diziam que quem tinha provas era Fernando Baiano, já que ele é que cuidava das contas bancárias".
No depoimento, Bernardo Cerveró relatou o recebimento do dinheiro e disse ter ficado incomodado, "pois o que ele queria não era auxílio financeiro, menos ainda espúrio, e sim a liberdade de seu pai."
Nestor Cerveró e Fernando Baiano já foram condenados em processos na Lava-Jato por corrupção e lavagem de dinheiro. Em uma das ações, o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava-Jato na primeira instância, impôs 12 anos e 3 meses de prisão para ex-diretor da Petrobras. O lobista pegou 16 anos. Em sua primeira condenação, Nestor Cerveró foi condenado a 5 anos de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro na compra de um apartamento de luxo em Ipanema, no Rio.
O lobista deixou a cadeia, no Paraná, em 18 de novembro. Fernando Baiano ficou preso por 1 ano.
Defesa
O criminalista Nélio Machado, que defendeu Fernando Baiano até quando o lobista decidiu fazer delação premiada, afirmou que desconhece o pagamento de R$ 50 mil e a tratativa entre o advogado Edson Ribeiro e o filho de Nestor Cerveró em seu escritório. "Quando esse fato aconteceu eu não estive na sala onde eles estavam. Minha posição sempre foi de repúdio à delação premiada. O advogado Edson Ribeiro também se posicionou do mesmo modo durante os processos da Lava Jato", afirmou.
"Eu jamais participaria desse tipo de conversa. O Edson (Ribeiro) foi recebido por mim e o Bernardo é possível que tenha estado junto. Mas desconheço por completo essa tratativa", continuou o advogado. O criminalista não soube precisar a data do encontro realizado em seu escritório, no Rio.