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Edinho insinuou a empreiteiro outros contratos com Petrobras, diz delator

Em depoimento à PF, Edinho Silva nega pressão sobre dono da UTC por doação eleitoral para Dilma

Agência Estado
postado em 15/12/2015 09:03
O diretor financeiro da UTC Engenharia, Walmir Pinheiro Santana, afirmou em delação premiada que o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva, pediu R$ 20 milhões para a campanha da reeleição da presidente Dilma Rousseff, em 2014. O pedido foi feito a Ricardo Pessoa, dono da UTC, em forma de doação. Segundo Walmir Pinheiro Santana, o ministro - então tesoureiro da campanha da petista - disse a Ricardo Pessoa que a Petrobras continuaria ;crescendo; e que o empresário ;ganharia outros contratos e se pagaria;.

[SAIBAMAIS]Walmir Pinheiro Santana foi preso com Pessoa em 14 de novembro de 2014, alvo da 7; fase da Lava-Jato, batizada de Juízo Final. O próprio Ricardo Pessoa, também em delação premiada, disse aos procuradores da Lava-Jato, ter sido "persuadido" por Edinho a "contribuir mais para o PT", uma vez que a empresa tinha grandes contratos com a Petrobras. "O Edinho me disse: ;Você tem obras na Petrobras e tem aditivos. Não pode só contribuir com isso. Tem que contribuir com mais. Estou precisando;", relatou Pessoa



Os depoimentos de Walmir Pinheiro Santana à Procuradoria-Geral da República foram tomados nos dias 4, 5 e 6 de agosto de 2015. Agora foram tornados públicos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Corte que detém competência para investigar autoridades com foro privilegiado.

Em depoimento à PF, Edinho Silva nega pressão sobre dono da UTC por doação eleitoral para Dilma. O financeiro da UTC confirma revelações de Ricardo Pessoa à Procuradoria-Geral da República. "Ricardo Pessoa entrou em contato com Edinho Silva e marcaram a reunião; que o declarante não sabe informar onde ocorreu tal reunião, se foi em São Paulo, no Rio de Janeiro ou em Brasília; que, nessa primeira reunião, Ricardo Pessoa comentou com o declarante que Edinho Silva teria solicitado o montante de R$ 20 milhões; que Edinho Silva disse que Ricardo Pessoa teria muitos contratos com a Petrobras, com empresas públicas e que não seria possível que não conseguisse suportar tal contribuição."

Segundo o executivo, Ricardo Pessoa achou os valores ;muito elevados; e propôs contribuir com R$ 5 milhões. "Não sabe se Ricardo Pessoa discutiu as questões relacionadas com a CPI e a CPMI da Petrobras por ocasião em que discutiram as doações", afirmou Walmir Pinheiro Santana. "Ricardo Pessoa não disse para o declarante se se sentira intimidado; que Edinho Silva dissera a Ricardo Pessoa que a Petrobras vai continuar crescendo e que ele, Ricardo Pessoa, ganharia outros contratos e se pagaria."

O dono da UTC apresentou oferta R$ 5 milhões para o 1; turno, mais R$ 5 milhões caso houvesse 2; turno, de acordo com a delação de Walmir Pinheiro Santana. O diretor afirmou que Ricardo Pessoa pediu que ele procurasse ;Manoel de Araujo Sobrinho;, para acertar ;conta-corrente e coma seria a forma de pagamento desses valores;.

"Edinho Silva passou para Ricardo Pessoa que repassou os contatos de Manoel Sobrinho para o declarante", disse. "Se recorda que o encontro se deu no Restaurante Arâbia, na rua Haddock Lobo, em São Paulo; Que Manoel Sobrinho passou ao declarante os dados das contas para as quais transferiria os valores; que os pagamentos foram realizados por TED: R$ 2,5 milhões no dia 5 de agosto de 2014 e, em 22 de agosto, mais R$ 2,5 milhões."

Walmir Pinheiro Santana afirmou que os recursos saíram do caixa operacional da empresa. "Ao que o declarante tem conhecimento, Edinho Silva não teria ameaçado Ricardo Pessoa dizendo algo do tipo ou você dá (a doação) ou vai ser prejudicado; que, na verdade, o recurso empregado por Edinho Silva foi outro, dizendo que a Petrobras continuaria crescendo e que Ricardo Pessoa também ganharia com isso e com os novos contratos."

No depoimento 14, Walmir Pinheiro Santana descreveu o primeiro encontro que teve com o interlocutor ;Manoel Sobrinho;. Segundo o executivo, ele entregou-lhe um cartão de visita. "Neste momento, o declarante apresenta referido cartão que passa a fazer parte desse termo; que na ocasião Manoel Sobrinho se apresentou como gerente macrorregional da região Sudeste, da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República", afirmou.

"Sobrinho entrou em contato para tratar desses R$ 5 milhões e o declarante disse que não teria como pagar por inteiro, mas teria condições de pagar R$ 2,5 milhões durante o 2; turno, mas os outros R$ 2,5 milhões somente teria condições de pagar depois das eleições; que após o 2; turno, tanto o declarante quanto Ricardo Pessoa foram presos antes que cumprissem com o pagamento dos R$ 2,5 milhões que seriam pagos após as eleições; que no total pagaram sete milhões e meio de reais."

Do total de doações que a UTC fez nas eleições de 2014 - R$ 52,2 milhões - , R$ 14,7 milhões foram para os comitês de candidatos, dos quais a campanha da petista recebeu R$ 7,5 milhões. Houve um terceiro repasse de R$ 2,5 milhões no dia 22 de outubro em nome do comitê de Dilma. "Não sabe dizer se esses R$ 7,5 milhões de reais foram abatidos dos valores que pagavam ao Partido dos Trabalhadores como decorrência dos contratos firmados com a Petrobras, mas tem quase certeza que não."

"Edinho Silva afirma que jamais manteve contato ou esteve com Walmir Pinheiro e que não o conhece pessoalmente. Afirma que toda a arrecadação da campanha da presidenta Dilma Rousseff se deu dentro da legalidade e de forma ética. Reitera que todas as contas da campanha foram auditadas e aprovadas por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral."

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