Politica

Após operação da PF, Cunha mantém agenda e reunião com líderes

Segundo interlocutores da Câmara e a assessoria de imprensa, Cunha está tranquilo

Jacqueline Saraiva
postado em 15/12/2015 13:30
Tentando manter um clima de "normalidade", o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) participa, nesta tarde de terça-feira (15/12) de almoço habitual com líderes de partidos, antes da reunião na Casa para a definição da pauta da semana. Nesta manhã, a Operação Catilinárias cumpriu 53 mandados de busca e apreensão em residências de vários políticos, incluindo as de Cunha, em Brasília e no Rio de Janeiro. A Polícia Federal também executou buscas no Congresso Nacional.

Conselho de Ética da Casa aprovou, com 11 votos a 9, o relatório da admissibilidade do processo de cassação de Cunha

Participam do encontro de lideranças, Paulinho da Força (Solidariedade-SP); o líder do PSC, André Moura (SE); o líder do PR, Mauricio Quintela (AL); o líder Lider do PTB, Jovair Arantes (GO); Eduardo da Fonte (PP-PE), Sandro Mabel (PL-GO), Marcelo Aro (PHS-MG), Dudu da Fonte (PP-PE), Domingos Neto (PMB-CE) e o líder do Líder do PSD, Rogério Rosso (DF).

Segundo interlocutores da Câmara e a assessoria de imprensa, Cunha está tranquilo. O PSDB disse que iria manter sua posição e não participar. A oposição não tem comparecido aos almoços desde que resolveu fazer obstrução às sessões presididas por Cunha até que ele se afastasse.

Enquanto a PF ainda se mobilizava, o Conselho de Ética da Casa aprovou, com 11 votos a 9, o relatório da admissibilidade do processo de cassação de Cunha. Depois de muitos embates e tentativas de adiamento da votação para amanhã ou quinta-feira, ficou decidido que a análise do processo seria feita na sessão de hoje, especialmente após os boatos de que Eduardo Cunha poderia renunciar ao cargo de presidente da Casa, em entrevista que concederá ainda nesta tarde.

Operação
A residência oficial da presidência da Câmara, na Península dos Ministros, no Lago Sul, foi um dos primeiros locais onde a PF agiu, por volta das 6h. Faixas isolaram os arredores e uma grande movimentação de agentes e de curiosos foi vista até por volta das 11h30, quando a PF concluiu as buscas. Cunha acompanhou todo o processo, ao lado do advogado Marcelo Nobre e só deixou o local para ir ao encontro dos líderes. O presidente do Congresso Nacional, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi visto no banco de trás de um carro, saindo da casa oficial de Cunha.

Buscas no Congresso
Ao mesmo tempo em que policiais atuavam na residência de Eduardo Cunha, outros agentes foram enviados ao Congresso para apreender material na Diretoria-Geral e no Centro de Documentação e Informação da Câmara dos Deputados. Ainda não há informação oficial sobre o trabalho realizado no gabinete.

Apreensões
Até por volta do meio-dia, a Polícia Federal ainda não havia dado detalhes sobre o material apreendido nas residências dos políticos. Há o registro apenas de um aparelho celular e um cofre antigo, que foram apreendidos na residência oficial. A pedido da Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados, um chaveiro foi enviado até lá, onde ficou por cerca de 20 minutos, deixando o local por volta das 10h20. Apesar de não ter dado detalhes sobre o serviço prestado, ele confirmou que abriu um cofre no local. A assessoria de Cunha, no entanto, explicou que o objeto não era usado há muitos anos e não havia nada dentro.



Mandados
As buscas foram autorizadas pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Foram nove mandados para o Distrito Federal, 15 em São Paulo, 14 no Rio de Janeiro, seis no Pará, quatro em Pernambuco, dois no Alagoas, dois no Ceará e um no Rio Grande do Norte.

As medidas decorrem de representações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal nas investigações que tramitam no Supremo. Elas têm como objetivo principal evitar que provas importantes sejam destruídas pelos investigados. Segundo a PF, foram autorizadas apreensões de bens que possivelmente foram adquiridos pela prática criminosa. Os investigados, na medida de suas participações, respondem a crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa, entre outros.

Corrupção
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Eduardo Cunha é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro pela PGR nas investigações da Operação Lava-Jato. Beneficiado dos desvios da Petrobras, segundo dois delatores, ele teria recebido US$ 5 milhões em propina de contratos de navios-sondas. De acordo com a investigação, CUnha também teria lucrado com negócio fechado pela Petrobras na África, que teria abastecido contas no exterior mantidas por Cunha e familiares na Suíça. Ele foi denunciado pela PGR ao Supremo há cerca de quatro meses. No entanto, o STF ainda não decidiu se acolhe ou não as denúncias.

Nome da operação
O nome Catilinárias, escolhido pela PF para a operação de hoje, é uma menção a uma série de quatro discursos célebres do cônsul romano Cícero contra o senador Catilina.

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