O ex-presidente repetiu as críticas ao que chama de "vazamentos seletivos" pela mídia e disse que, atualmente, é mais importante a "execração pública" via imprensa que as decisões do Judiciário Lula chegou a dizer que as coisas hoje estão piores que na ditadura militar. "No Brasil, neste momento, nem habeas corpus as pessoas estão conseguindo. Está muito mais difícil que na ditadura militar."
Lula defendeu sua atuação internacional por meio do instituto que leva seu nome ao repetir que sempre agiu corretamente na defesa dos interesses comerciais do Brasil. "Não tem neste País viva alma mais honesta que eu", afirmou ao exaltar sua máxima de que aprendeu honestidade com a mãe analfabeta.
O petista afirmou que acompanha com a "consciência tranquila" as notícias de suspeitas contra ele divulgadas na imprensa. "Tenho a consciência tranquila que neste País só tem um jeito de não ser punido, que é fazer as coisas corretas e vale para todo mundo."
Dilma
Ao falar da presidente, Lula disse que é difícil eleger um sucessor e voltou a dizer que é cuidadoso ao dar orientações à presidente Dilma Rousseff. "Tenho muito cuidado porque é muito difícil você eleger sucessor. Quando é da oposição, tudo fica mais fácil porque é só descer o cacete", disse em uma alfinetada ao tucano Fernando Henrique Cardoso.
PT
Lula voltou a dizer que o PT está sendo criminalizado e precisa reagir. "O PT tem que reagir, fazendo o embate político, para convencer as pessoas." O ex-presidente também voltou à argumentação de que o impeachment é golpe e que a oposição quer, com isso, destruir o projeto de inclusão social promovido pelo governo petista.
"Nosso objetivo é o de não permitir que ninguém neste País destrua o projeto de inclusão social que começamos a fazer em 1; de janeiro de 2003, é isso que incomoda", afirmou. "Os democratas não podem se conformar com essa tentativa de golpe explícito de quem fala em impeachment da Dilma", completou, ao dizer que democracia "é coisa séria", com a qual "não se pode brincar".
O presidente se disse otimista com o desempenho que o PT vai ter na eleição municipal deste ano e citou o principal objetivo do partido. "Estou convencido que (Fernando) Haddad vai ser reeleito prefeito de São Paulo, para citar apenas uma cidade", afirmou durante café da manhã com blogueiros promovido pelo instituto que leva seu nome, na capital paulista.
Mercado
Lula voltou a reconhecer que foi um equívoco político da presidente Dilma e do PT implementar uma política econômica diferente da pregada durante as eleições de 2014. Ele afirmou ainda que as mudanças trabalhistas implementadas ao longo de 2015 "criaram um mal estar no exército" da presidente e que ela sabe disso e que uma postura favorável ao mercado não rendeu frutos.
"Se, em algum momento, se acreditou que fazer discurso para o mercado ia melhorar a situação do País, percebemos que não se conseguiu ganhar uma pessoa do mercado", disse. "Nem o Levy (Joaquim, ex-ministro da Fazenda), que era representante do mercado, virou governo e ainda perdemos nossa gente", acrescentou Lula.
O petista defendeu, como forma de retomar o crescimento da economia, um "forte política de financiamento" para retomar obras como as do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que não estão concluídas. "Dilma tem que ter como obsessão crescimento da economia, retomada do emprego e controle da inflação", resumiu.
O ex-presidente destacou a importância de não permitir que a inflação corroa a renda dos trabalhadores, mas relativizou o atual nível da elevação generalizada de preços. "Eu, que vivi uma inflação de 80% ao mês, com 8% ao ano dá até para guardar dinheiro embaixo do colchão", disse. Em 2015, o IPCA, índice oficial de inflação, encerrou o ano em 10,67%.
Segundo Lula, o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff foi "exitoso". Ele citou o crescimento de 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB) registrado em 2011 e destacou que, nesta época, outros países sentiam fortemente os efeitos da crise econômica global.
"Os problemas começaram quando a Dilma, preocupada em não permitir a desaceleração do crescimento e diminuir a política de inclusão social, fez um forte subsídio", avaliou, destacando que as políticas de isenção fiscal se aproximaram da marca de R$ 500 bilhões.