Politica

Marchinhas deste ano focam em personagens como Cunha, Dilma e Temer

A largada do campeonato de marchinhas políticas foi dada com a música O japonês da Federal, em referência ao policial Newton Ishii

postado em 22/01/2016 09:30
Se há alguma aposta possível sobre o futuro da crise política no país é de que ela, literalmente, vai dar samba. Desde que o Brasil é Brasil, o que ocorre na cúpula dos Três Poderes vira combustível inevitável para as marchinhas de carnaval. Com a amplitude da crise atual, é inevitável que, em 2016, a festa busque inspiração em impeachment, Operação Lava-Jato, Eduardo Cunha e pedaladas fiscais, só para ficar nos favoritos ao posto de protagonista da festa.

Os Marcheiros do Carnaval já emplacaram sucessos como o

A largada do campeonato de marchinhas políticas foi dada com a música O japonês da Federal, em referência ao policial Newton Ishii, figura que ficou famosa nas prisões de empreiteiros e políticos encarcerados no Paraná. Obra do grupo paulista Marcheiros do carnaval, a música brinca com o maior temor de todos envolvidos nos escândalos da Petrobrás: ganhar uma passagem só de ida para o Complexo Médico-Penal dos Pinhais, no Paraná. ;Com o coração na mão eu respondi: o senhor está errado! Sou trabalhador, não sou lobista, senador ou deputado;, diz um trecho.

O compositor da música, o advogado Thiago de Souza, afirma que nem ele nem ninguém do grupo imaginava o sucesso da música. ;Nós fizemos a música para inscrevê-la em um concurso de marchinhas e queimamos ela um pouco antes. Em dezembro mesmo nós publicamos e, de lá pra cá, acabou viralizando;, diz. Embalado pelo sucesso da composição sobre Ishii, os marcheiros produziram outras composições, tendo como pano de fundo a sátira política. Entraram na brincadeira a carta do vice-presidente Michel Temer, a própria presidente Dilma Rousseff e até as pedaladas fiscais.

Dilma é um dos personagens preferidos das marchas de carnaval deste ano

A contaminação das marchinhas pela política, no entanto, não fica restrita ao grupo paulista. O Concurso Nacional de Marchinhas da Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, diz que, na fase de inscrições, o concurso recebeu uma ;explosão de marchinhas com temas políticos;. Os principais personagens são a presidente Dilma Rousseff e o Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.



Entre as inscritas há até uma sátira à paixão recente de Dilma Rousseff por meios de transporte sobre duas rodas. Tia Wilma e a bicicleta apresenta ao público uma suposta senhora que descobriu um passatempo: ;A minha tia descolou uma bicicleta e descobriu que nasceu pra pedalar. Ela pedala e pedala todo dia, ela pedala o dia todo sem parar;, diz a marchinha, numa alusão ao episódio do julgamento das pedaladas fiscais. A carta de Michel Temer, escrita em novembro de 2015, também entrou no repertório. A canção trata de um possível rompimento entre um casal: ;Meu latim, com você, não gasto mais, está tudo acabado, aqui jaz. Nosso amor virou rancor, não me escreva nunca mais;, diz a letra.

A citação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró resultou na marchinha Santo cagueta no terreiro de pai Lu de oxaLÁ, dos Marcheiros. Os músicos citam ;uma gira de limpeza do terreiro; que fez descer ;um catiço matreiro;, que ;começou entregar os podres do babalorixá;. De acordo com Thiago, a canção também faz uma citação às oferendas colocadas em frente ao Congresso.

Aprenda algumas letras:

A minha tia descolou uma bicicleta e descobriu que nasceu pra pedalar. Ela pedala e pedala todo dia, ela pedala o dia todo sem parar;

Tia Wilma e a bicicleta, dos Marcheiros do carnaval


;Com o coração na mão, eu respondi: o senhor está errado! Sou trabalhador, não sou lobista, senador ou deputado;

Japonês da Federal, dos Marcheiros do carnaval


;Meu latim, com você, não gasto mais. Está tudo acabado, aqui jaz. Nosso amor virou rancor, não me escreva nunca mais;

Guarde bem sua cartinha, dos archeiros do carnaval


;Mermão, esse dólar é mesmo um cracaço. Iate é luxo, é ouro, é prata. Trabalhei muito para ser um magnata;

Continha da Suíça, de Severino Luiz de Araújo


;Subir mais, Ramon, nem tenta. Subir para 3,70, ô, Lacerda, se orienta;

Se aumentar ninguém aguenta, do Movimento Passe Livre de Belo Horizonte

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