Gilberto Carvalho, ex-ministro dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, afirmou nesta segunda-feira (25/1) que a Operação Zelotes age com ;politização; e persegue centra ;o foco; contra o presidente petista que governou o país entre 2003 e 2010. Ele fez as afirmações após audiência na 10; Vara Federal, em ação criminal em que o Ministério Público acusa executivos da Mitsubishi e comprarem a Medida Provisória 471 por meio de lobistas. Carvalho confirmou que um desses operadores, Mauro Marcondes, lhe pediu que ;advogasse; pela aprovação da MP 512, colocada sob suspeita em outro inquérito da Polícia Federal, mas afirmou que não encaminhou o pedido pois essa não era sua área.
Ao sair da audiência, o ex-ministro disse que o ex-presidente Lula é o foco. ;O que estou triste é ver se gastar tanto dinheiro público em cima de uma investigação que... eu não vejo falar nada da Zero Hora, da Gerdau, de tantas outras empresas acusadas lá no Carf de terem sonegado, e não acontece nada;, disse ele ao jornalistas ao deixar a audiência. O motivo de sua participação no caso seria uma tentativa de se atingir Lula. Por que tem um foco. O foco no presidente Lula. Passou a ser um objeto de busca, de perseguição do presidente Lula, eu só estou nessa história por causa do presidente Lula. É evidente.;
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Perante o juiz Vallisney Oliveira, na audiência, Carvalho afirmou que a acusação de que o governo federal ;comprou; medidas provisórias é ;absurda; e foge ao ;bom senso;. ;As empresas evidentemente se beneficiaram, mas quem se beneficiou mais foi o país.;
Carvalho disse que não sabe se os réus da Zelotes ou os membros do Parlamento participaram ou não de um esquema de corrupção. Mas defendeu os integrantes do Executivo. ;Eu não ponho a mão no fogo por ninguém, evidentemente. No caso do Executivo, eu tenho tranqüilidade líquida e certa pela seriedade das pessoas que eu conheço.;
Pedido do lobista
O consultor e ex-presidente da associação das montadoras (Anfavea), Mauro Marcondes, esteve com Lula uma única vez, com representantes da entidade, segundo o ex-ministro Gilberto Carvalho. O ex-ministro disse que não participou do encontro.
Ele relatou que Marcondes lhe pediu, já no governo Dilma, que advogasse em favor da MP 512, que estendia os benefícios fiscais para montadoras instaladas no centro-oeste, como a Mitsubishi. ;Ele pediu que eu apoiasse a prorrogasse que concedia os benefícios para o centro-oeste;, relatou o ex-ministro, em entrevista após a audiência. À época, Carvalho era secretário-geral do governo Dilma e disse ao lobista que não poderia ajudá-lo. Pediu então que ele procurasse o Ministério da Fazenda. ;Se fosse justo, o Guido (Mantega, então ministro) ia tocar;, continuou. A MP 512 estendia os benefícios fiscais, mantendo menores os impostos pagos por montadoras de automóveis.
Contratação desnecessária
Segundo a denúncia em análise pela Justiça, executivos da Mitsubishi contrataram um consórcio de lobistas, como Marcondes, Alexandre Paes Santos, o ;APS;, e Francisco Mirto, para corromper membros do Executivo e do Legislativo e obter a aprovação MP 471/09 e manter benefícios fiscais.
Em depoimento, o ex-integrante do setor de relações governamentais da General Motors, o advogado aposentado Edson Sauguellis, disse ao juiz Vallisney Oliveira que as grandes montadoras não precisam subcontratar serviços de lobby. Ele trabalhou na GM por 29 anos num setor com duas pessoas e afirmou que a quantidade de pessoal era suficiente. Se houvesse subcontratação, o trabalho deles estaria em risco. ;Seria nossa demissão;, afirmou Sauguellis.
O procurador Frederico Paiva perguntou se R$ 50 milhões não era um valor razoável para se marcar reuniões, como as feitas pelos lobistas réus. Os advogados protestaram e Sauguellis não pôde responder. Sauguellis disse ao Correio que era ;impossível; receber esse valor para marcar uma reunião. ;Isso era feito de comum acordo com o governo.; Ele afirmou que o réu Francisco Mirto, que o arrolou como depoente, é ;uma pessoa de bem;.