A presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira (27/01) que não há provas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na 22.; fase da Operação Lava Jato e criticou as "insinuações" contidas nos vazamentos da investigação. Dilma ficou irritada quando foi questionada se a Lava Jato estava se aproximando de Lula e disse que, "ao contrário do mundo medieval", o ônus da prova cabe a quem acusa.
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Ao ser questionada se o ex-presidente seria o alvo da Polícia Federal, Dilma fechou o semblante. "Eu me recuso a responder pergunta desse tipo porque se levantam acusações, insinuações e não me dizem por que, quando, como, onde e a troco do quê", disse ela em Quito, logo após discursar em um retiro com chefes de Estado e de governo que participam da IV Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
Dilma disse achar "extremante incorreto" esse tipo de vazamento das investigações e citou até os ideais da Revolução Francesa para dizer que o ônus da prova cabe a quem acusa. "Se alguém falasse a respeito de qualquer um de nós aqui, que a nova fase da Lava Jato levanta suspeitas sobre você, e você não soubesse do que é suspeita, como é que é suspeita e de onde vem a suspeita, você não acharia extremamente incorreto, do ponto de vista do respeito?", perguntou ela. "Quem prova - acho que foi a partir da Revolução Francesa, se não me engano, foi com Napoleão - a culpabilidade, ao contrário do mundo medieval, o ônus da prova é de quem acusa."
Para a presidente, o inquérito e as investigações existem para apurar os fatos, e não para vazar informações ainda sob análise. "Antes como você provava? Eu dizia que você era culpado e você lutava comigo. Se você perdesse, você era culpado. Então, houve um grande avanço no mundo civilizado a partir de todas as lutas democráticas."
A reportagem perguntou a Dilma se a Lava Jato atrapalhava a economia. "Não, querida, eu não vou responder. Sinto muito. O FMI acha. Eu acho que vocês devem perguntar ao FMI", respondeu a presidente, numa referência ao relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI). Na última sexta-feira, Dilma disse ter ficado "estarrecida" com o documento, que apontou a duração da instabilidade política e a continuidade das investigações da Lava Jato como causas da crise econômica brasileira.