Naira Trindade
postado em 10/02/2016 07:12
Com o fim do carnaval, a preocupação com os avanços de contágio do vírus zika pelo país volta ao foco da agenda do Palácio do Planalto. Ministros da coordenação política se encontram hoje com a presidente Dilma Rousseff para traçar as próximas estratégias de combate ao Aedes aegypti, o mosquito da dengue, chikungunya e zika. Duas reuniões são esperadas no Palácio. A primeira, pela manhã, com ministros da coordenação para tratar sobre os rumos da vacina e a segunda, com a presidente, para definir como será o ataque ao transmissor da doença. Estudo publicado ontem reforçou que um terço dos bebês com microcefalia sofre anomalias visuais.Apesar das consequências, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, se posicionou contrário ao aborto de mulheres grávidas infectadas pelo zika. ;A posição do Ministério da Saúde é inequívoca. É a posição em defesa da lei. Somos agentes públicos e não podemos ter outra defesa que não seja a defesa estrita da lei. A legislação brasileira só permite aborto em três situações, que não incluem essa daí (microcefalia);, afirmou em entrevista ao vivo à TV Cidade Verde, afiliada do SBT no Piauí. Castro lembrou que a legislação brasileira permite aborto apenas para gravidez resultante de estupro, quando há risco de morte para a mãe e de fetos com anencefalia.
A declaração do ministro bate de frente com o pedido da Organização das Nações Unidas (ONU), que, na semana passada, fez um apelo pela liberação do aborto para casos de microcefalia. Também contrária à interrupção da vida, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pretende envolver a campanha da fraternidade ecumênica de 2016 que tem o lema ;Casa comum, nossa responsabilidade; no combate ao Aedes aegypti. Porém, a entidade vai esbarrar num impasse econômico. Em crise, o governo federal deve reduzir investimentos da área de saneamento deste ano. De acordo com dados do Siga Brasil, em 2015, o Planalto empenhou R$ 1,093 bilhão. A dotação orçamentária anual era de R$ 2,7 bilhões.
Para 2016, a dotação inicial prevista pela Lei Orçamentária Anual (LOA) é de R$ 636,1 milhões ; 41% menor que o utilizado no ano anterior. Sem vacina para conter os avanços da doença no organismo das pessoas, a presidente Dilma tem se empenhado em tentar impedir que o mosquito nasça. No fim de semana, Dilma lidera o ;sábado da faxina;, campanha que pretende mobilizar todos os órgãos públicos de todos os estados a fazerem uma limpeza geral nas ruas.
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