Jacqueline Saraiva
postado em 22/02/2016 07:09
Marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, João Santana é o alvo central da 23; fase da Operação Lava-Jato, realizada na manhã desta segunda-feira (22/2). Ele teve a prisão temporária decretada pela Justiça na ação intitulada ;Acarajé;, mas o mandado não foi cumprido, pois o publicitário está no exterior. Agentes cumpriram mandados em São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro. Entre eles estão os de prisão do engenheiro Zwi Skornicki, que operava propinas no esquema da Petrobras, e da mulher e sócia de João Santana, Mônica Moura. Buscas e apreensões também foram realizadas em imóveis da empreiteira Odebrecht.
As medidas cautelares estão relacionadas a um grupo empresarial responsável por pagamento de vantagens ilícitas no esquema de desvio de recursos da estatal. O esquema envolvia ainda um operador de propina e um grupo recebedor, cuja participação havia sido confirmada com o recebimento de valores já identificados no exterior que ultrapassam os 7 milhões de dólares.
Uma offshore aberta no Panamá, a Shellbill Finance SA, que seria de João Santana e de sua mulher e sócia Mônica Moura, é o foco da investigação. A força-tarefa da Lava-Jato encontrou evidências de que entre 25 de setembro de 2013 e 4 de novembro de 2014 o operador de propinas Zwi Skornicki efetuou a transferência no exterior de pelo menos US$ 4,5 milhões por meio de nove transações. Em outra frente, a força-tarefa também rastreou pagamentos de offshores ligadas à Odebrecht para a Shellbill que totalizaram US$ 3 milhões entre 2012 e 2013.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a conta mantida no exterior pelos publicitários João Santana e Mônica Moura, profissionais então responsáveis pelo marketing da campanha eleitoral do PT "não foi declarada às autoridades brasileiras".
[SAIBAMAIS]Cerca de 300 policiais federais estão em cumprimento de 51 mandados judiciais, sendo 38 de busca e apreensão, 2 de prisão preventiva, 6 de prisão temporária e 5 de condução coercitiva. Os mandados são cumpridos nas cidades de Salvador e Camaçari, na Bahia, Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Petrópolis e Mangaratiba, no Rio de Janeiro e São Paulo, Campinas e Poá, em São Paulo.
Investigados
Zwi Skornicki é representante comercial da empresa de engenharia naval de Singapura Keppel Fels no Brasil, por meio da Eagle do Brasil. Segundo o documento do acordo de delação premiada de Pedro Barusco, ex-gerente-executivo da Petrobras e ex-diretor da Sete Brasil, Skornicki teria fornecido quase 40 milhões de dólares para abastecer contas de diretores da Petrobras e o caixa do PT entre 2003 e 2013.
Acarajé
Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), onde permanecerão à disposição da Justiça Federal. Segundo a PF, o nome da operação, Acarajé, era o termo usado pelos investigados para falar de dinheiro - da mesma forma que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto usava o termo ;pixuleco; para se referir a valores de propinas.
Triplo X
A última fase da Lava-Jato foi realizada em 27 de janeiro. Batizada de ;Triplo X;, a ação prendeu quatro pessoas em investigação sobre abertura de offshores e compra de apartamentos do Condomínio Solaris, no Guarujá. Segundo a PF, as edificações, construídas pela OAS, serviam como local para a lavagem de dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras.
A operação Lava-Jato foi deflagrada em março de 2014 mirando um grupo de doleiros, entre eles Alberto Youssef que delatou o esquema.