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Planilha indica que o PT recebeu ao menos R$ 406 milhões em propinas

Os valores foram obtidos, de acordo com o delator da Lava-Jato, por meio de 67 projetos entre maio de 2004 e fevereiro de 2011. O dinheiro saiu do caixa de 41 empreiteiras e estaleiros

Eduardo Militão
postado em 24/02/2016 11:41
Barusco, ex-gerente de Engenharia da Petrobras: valores obtidos por meio de 67 projetos entre maio de 2004 e fevereiro de 2011
Anotações em planilha do ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco indicam que o Partido dos Trabalhadores recebeu pelo menos R$ 406 milhões em propinas do esquema de desvios de dinheiro da estatal. Os valores foram obtidos, de acordo com o delator da Lava-Jato, por meio de 67 projetos entre maio de 2004 e fevereiro de 2011. O dinheiro saiu do caixa de 41 empreiteiras e estaleiros, alguns reunidos em consórcio, de acordo com o documento, anexado ao inquérito da 23; fase da Lava-Jato, apelidada de ;Acarajé;.

Parte dos valores foram operados pelo lobista do estaleiro Kepel Fels, Zwi Skornik, segundo os investigadores. E foram parar nos bolsos de funcionários da estatal, como os ex-diretores Renato Duque e Paulo Roberto Costa, e da empresa Sete Brasil, ainda de acordo com Barusco. Ontem, o Partido dos Trabalhadores rechaçou a planilha do delator. ;O PT refuta as acusações;, disse a legenda. ;Todas as doações que o PT recebeu foram realizadas estritamente dentro dos parâmetros legais e posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral.;

Os valores apontados por Barusco na planilha somam R$ 48 milhões e US$ 10,7 milhões em contratos com 87 obras, num total de R$ 90,5 milhões de acordo com a cotação do dólar de ontem. Segundo as anotações do ex-dirigente, foram pagas propinas de R$ 1,09 bilhão. Para cada contrato, a taxa de corrupção variava de 1% a 2%. Foram nesses valores que, segundo ele, houve rateio entre o PT e funcionários da Sete Brasil e da Petrobras.

Barusco disse que se reunia com o ex-tesoureiro do partido para discutir divisão de propinas. ;Indagado sobre sua relação com João Vaccari Netto, esclarece que, em todas as reuniões que teve com ele, Renato de Souza Duque esteve presente;, disse o delator, na transcrição do juiz Moro, ao decretar a prisão temporária de investigados na Acarajé, como o marqueteiro João Santana. ;João Vaccari não comentava para quem, no partido, eram realizados os pagamentos destinados ao PT.;

O advogado do ex-tesoureiro, Luiz Flávio Borges D;Urso, já negou que ele tenha participado de intermediação de propinas. Renato Duque negocia acordo de delação premiada há meses. Nem todos os contratos listados por Vaccari, continham indicação de taxa de propina, ou de destinação para o PT. Em três contratos, ele informa repasse para a legenda, identificada como ;Part;, mas sem dar o valor ou a taxa de corrupção. Nessas obras, foram pagas R$ 85 milhões em propinas. O Correio não considerou esses valores ao levantar os supostos pagamentos para a sigla.

Pelos dados de Barusco, o contrato que rendeu mais dinheiro ao partido foram oito cascos do pré-sal feitos pela empreiteira Alusa por US$ 3,74 bilhões em fevereiro de 2010 (R$ 14,8 bilhões), ano de campanha eleitoral. Desse valor, 1% virou corrupção, sendo metade para o PT (R$ 74 milhões) e metade para a ;Casa;, o grupo de funcionários corrompidos. De acordo com o delator, o operador da propina foi o lobista Milton Pascowitch. Em segundo lugar, ficaram as plataformas P-59 e P-60, com R$ 27 milhões de subornos atribuídos à sigla, e P-56, com R$ 23 milhões.

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