postado em 26/02/2016 08:05
O marqueteiro do PT nas últimas três campanhas presidenciais, João Santana, preso terça-feira na 23; fase da Operação Lava-Jato, informou ontem, em depoimento à Polícia Federal, que a conta secreta mantida na Suíça funcionava como ;uma poupança para a aposentadoria;. Ele disse que todos os recursos recebidos fora do Brasil foram referentes a campanhas políticas realizadas no exterior, sobretudo, na Venezuela, na República Dominicana e em Angola.No depoimento, Santana afirmou que a conta foi aberta no fim dos anos 1990. ;Com relação à conta aberta na Suíça em nome da Shellbill Finance S/A, acredita que tenha sido aberta por volta de 1998/99 para recebimento de valores de aproximadamente 70 mil dólares de um serviço prestado na Argentina;, registra a PF, no depoimento ouvido pelo delegado Márcio Adriano Anselmo.
[SAIBAMAIS]Mônica Moura, a mulher de João Santana, também presa na terça-feira ao desembarcar no Aeroporto de Cumbica (SP), admitiu à Polícia Federal que a empreiteira Norberto Odebrecht pagou, via caixa dois, a campanha de Hugo Chávez na Venezuela em 2012. Ela detalhou também que, de um total de US$ 50 milhões, referentes aos serviços prestados ao candidato José Eduardo Santos, em Angola, US$ 20 milhões foram recebidos sem contabilização. Em depoimento, ela disse que nenhum partido político brasileiro aceitou pagar sem registro contábil fora do país ;primeiramente, por motivos óbvios, quais sejam, as investigações e condenações no caso do mensalão;. João Santana, no entanto, disse que não tem nenhuma relação comercial com o Grupo Odebrecht e recorda que se encontrou com Marcelo Odebrecht, presidente da empresa, em um evento social.
Ponto a ponto
Confira os principais temas do depoimento de João Santana à Polícia Federal
Campanhas políticas
; O marqueteiro informou que foi convidado, em 2005, pelo ex-presidente Lula para comandar o marketing na reeleição. Comunicou que fez a campanha do senador Delcídio do Amaral e atuou nas eleições municipais para Marta Suplicy e Gleise Hoffmann. Disse que, em 2009, atuou na campanha de Maurício Nunes (El Salvador) e, em 2010 e 2014, nas campanhas presidenciais de Dilma Rousseff. Entre 2011 e 2012, afirma que comandou as candidaturas de Danilo Medina (República Dominicana), Hugo Chavez (Venezuela) e José Eduardo Santos (Angola). Santana comunicou aos policiais que também fez a campanha do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, em 2012.
Conta na Suíça
; Ele informou que a conta, em nome da Shellbill Finance SA, foi aberta entre 1998 e 1999 para recebimento de valores de aproximadamente US$ 70 mil por um serviço prestado na Argentina. Ele reconhece que é o controlador, mas não soube informar quem são os beneficiários. Santana afirma que tinha interesse em legalizar a conta, mas tinha dúvida em que país deveria fazer, já que eram recursos recebidos por campanhas no exterior.
Aposentadoria
; O jornalista contou que a sua mulher, Mônica Moura, é a responsável pela movimentação da conta e que não sabe informar quanto recebeu. Santana disse que era mantida como uma poupança para sua aposentadoria. Ele disse que passou a receber maior volume de recursos em 2011 e 2012, quando passou atuou em três campanhas presidenciais no exterior.
Angola
; Santana disse se recordar de que a campanha em Angola teve um custo de US$ 50 milhões. Não lembra quanto ganhou pelo trabalho realizado na República Dominicana e Venezuela. Ele explicou que o valor em Angola é mais alto em razão de problemas como infraestrutura, risco pessoal, financeiro e conflitos étnicos.
Odebrecht
; O marqueteiro assegurou que não mantém nenhum relacionamento comercial com o Grupo Odebrecht. Afirmou que esteve com o dono da empreiteira, Marcelo Odebrecht, durante um evento social. Comunicou que teve alguns contatos com funcionários da empreiteira no exterior para acesso às obras e ao apoio logístico.
Zwi Skornik
; O baiano garantiu que não conhece o engenheiro e lobista polonês Zwi Skornick, que teria feito repasses de US$ 4,5 milhões ao exterior na conta Shellbill Finance SA. Disse também que não sabe informar se a conta teria recebido valores do lobista.
Origem dos recursos
; Santana negou que os valores recebidos na Shellbill Finance SA são relativos a campanhas realizadas no Brasil. Declarou também que nunca manteve qualquer contrato com o poder público no Brasil e que, eventuais conselhos para o governo federal, ocorreram de forma não onerosa. Ele contou que foi um doador de serviços ao governo em razão do prazer que isso lhe gera e da facilidade que possui.
Apartamento
; O marqueteiro informou que o imóvel, localizado na Rua Afonso Braz, em São Paulo, foi comprado por R$ 6 milhões. Ele disse acreditar que metade do valor havia sido pago no Brasil e a outra parte no exterior, o equivalente a US$ 1 milhão, atendendo a um pedido verbal do vendedor. Disse que não se recorda da data exata da negociação.
Feira
; Santana disse que tomou conhecimento pela imprensa de anotações de Marcelo Odebrecht com referência ao termo ;Feira;. Ele negou qualquer relação com o apelido e disse que não recebeu qualquer valor por ordem do empresário. Ele autorizou o acesso integral a todos os dados da conta Shellbill no exterior.
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