Há evidências de que o ex-presidente Lula recebeu verbas desviadas na Petrobras, de acordo com nota do Ministério Público Federal. No texto, os procuradores afirmam que Lula foi um dos ;principais beneficiários dos delitos;, que o ;enriqueceram; e também financiaram campanhas. O dinheiro teria sido recebido por meio da destinação e reforma do apartamento tríplex e so sítio em Atibaia, além do recebimento de móveis de luxo e armazenamento de bens por transportadora. Os procuradores listam ao menos R$ 4,67 milhões em repasses ao petista feitos pelas empreiteiras Odebrecht e OAS ao petista. E ainda lança suspeitas sobre quase metade dos recursos recebidos por empresas e pelo instituto de 2011 a 2014.
Segundo o Ministério Público, Lula recebeu ao menos R$ 1 milhão da empreiteira OAS em 2014 por meio do tríplex no Guarujá. O ex-presidente nega a propriedade do imóvel, mas os procuradores afirmam que isso não é verdade. ;Há evidências de que a OAS pagou despesas elevadas para reformar o imóvel (mais de R$ 750 mil), arcou com móveis de luxo para cozinha e dormitórios (cerca de R$ 320 mil), bem como de que tudo isso aconteceu de modo não usual (foi o único apartamento que sofreu tal intervenção) e com o envolvimento do próprio presidente da OAS, Léo Pinheiro. A suspeita é de que a reforma e os móveis constituem propinas decorrentes do favorecimento ilícito da OAS no esquema da Petrobras.;
[SAIBAMAIS]
Além disso, o MPF suspeita que Lula adquiriu o sítio em Atibaia por R$ 1,53 milhão em nome de laranjas. A propriedade, usada por ele, está em nome de Fernando Bittar e Jonas Suassuna, sócios do filho do ex-presidente Fábio Luis Lula da Silva. Há ;fortes indícios; de que, entre 2010 e 2014, portanto ainda dentro do mandato do petista, o ex-presidente obteve ao menos R$ 770 mil ;sem justificativa econômica lícita; do pecuarista José Carlos Bumlai e das empreiteiras Odebrecht e OAS. O sítio foi comprado em 29 de outubro de 2010, no final do governo do petista. ;Encontrou-se, ainda, mensagem eletrônica que aponta o uso dos adquirentes nominais como interpostas pessoas.; Segundo o MPF, a suspeita é de que a propriedade seja propina ;a título de contraprestação pelos favores ilícitos obtidos no esquema Petrobras;.
De acordo com o MPF, outros ;pagamentos dissimulados; somaram R$ 1,3 milhão, feitos pela OAS entre janeiro de 2011 e janeiro de 2016. O objetivo era armazenar itens retirados do Palácio do Planalto ao fim do mandato do petista. A negociação foi feita, segundo a procuradoria, pelo presidente do instituto do ex-presidente, Paulo Okamotto, e sócio do petista na empresa de palestras LILS Palestras.Mas o contrato foi fechado entre a OAS e a empresa armazenadora. O ;real objeto foi escondido; do contrato, porque informava que se tratava de materiais de escritório pertencentes à própria construtora. ;Paulo Okamotto assinou ainda, em 12 de janeiro de 2016, procuração autorizando a retirada dos bens.;
A procuradoria ainda investiga os pagamentos que as empreiteiras investigadas na Lava-Jato fizeram ao Instituto Lula, no valor de R$ 20,7 milhões, e à LILS, de R$ 10 milhões. Os valores representam 59% e 47%, respectivamente, dos recursos recebidos entre 2011 e 2014. Os clientes eram as empreiteiras Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e UTC.