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Politica

Peemedebistas do Rio pretendem manter discrição em convenção

Aliados de Dilma no PMDB acreditam que novas delações podem fragilizar ainda mais a presidente e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que dará nova força ao processo de impeachment

Contemplados pelo Palácio do Planalto com espaços na Esplanada do Ministério, lideranças do PMDB do Rio de Janeiro pretendem ter uma participação discreta e não sairão em defesa do governo na convenção do partido marcada para ocorrer neste sábado, 12, sob um forte clima anti-Dilma e anti-PT. Na ocasião, o vice-presidente da República, Michel Temer, deverá ser reconduzido ao comando nacional da legenda, cargo que ocupa desde 2001.

[SAIBAMAIS]A estratégia de evitar declarações a favor da presidente Dilma Rousseff é alimentada pela avaliação, de integrantes do PMDB fluminense, de que o momento político é de "grande tensão". Em razão disso, a orientação da cúpula do PMDB do Rio, que detém o maior número de delegados na convenção, é de defesa da unidade do partido e na busca de um caminho próprio em 2018. "Vou fazer um pronunciamento, mas falando da atuação da bancada e falando para dentro do partido. O PMDB precisa apresentar propostas, se preparar para 2018. Acho que esse é o tema forte na convenção", afirmou o líder do PMDB, Leonardo Picciani.

O deputado é responsável pela indicação dos atuais ministros Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia). Além da Vice-Presidência da República e das duas pastas, o PMDB também comanda os ministérios de Minas e Energia, Agricultura, Turismo e Portos. "A convenção não vai tratar do governo, ela vai tratar do Brasil e do PMDB. O mais importante para o País neste momento é a unidade do PMDB", disse ao Estado o deputado estadual, Jorge Picciani, presidente estadual da legenda no Rio de Janeiro e pai de Leonardo.

Campanha

Apesar das esquivas da cúpula do PMDB do Rio em abordar diretamente o atual momento de desgaste do governo, o tema será colocado por representantes de outros Estados que defendem o desembarque. Entre os condutores da iniciativa estão lideranças do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.

A expectativa é de que esse grupo aumente até amanhã com a adesão de representantes de Pernambuco, Bahia, Roraima, Rondônia, Acre e Tocantins. No caso de São Paulo, apesar de o presidente estadual, deputado Baleia Rossi, tecer criticas internamente ao governo, a tendência é de o diretório também permanecer em discrição, uma vez que o Estado é reduto eleitoral do vice-presidente da República Michel Temer.

"Vai ter uma pressão retórica muito forte, mas não acredito, do ponto de vista prático, em nenhuma mudança. Todo mundo vai aguardar e observar mais o quadro, não acredito numa guinada de imediato no sábado", avaliou o líder Leonardo Picciani.

"Acho que sem marcar nenhuma posição mais radical, o PMDB vai mostrar que tem um caminho próprio. Sem falar em rompimento ou impeachment, mas defendendo um caminho próprio para o País", ressaltou Jorge Picciani.

Nas discussões internas para se fechar a composição da próxima Executiva Nacional que será escolhida amanhã, o PMDB fluminense ainda briga por ampliação dos espaços para o grupo. Está em negociação o cargo da segunda-vice-presidência, atualmente ocupado pela ex-deputado Iris de Araújo (GO). "Uma coisa é certa, o ex-governador Sérgio Cabral não quer, o Eduardo Paes também não, por isso ainda estou negociando outros nomes do partido", disse Jorge Picciani.

Aliados de Dilma no PMDB acreditam que novas delações podem fragilizar ainda mais a presidente e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que dará nova força ao processo de impeachment. Na hipótese de o vice assumir, peemedebistas têm expectativa de que o Temer proponha um governo suprapartidário, com redução drástica de ministérios. Alguns defendem inclusive que Temer anuncie que não tem intenção de disputar a reeleição em 2018, como forma de atrair os partidos para a base.