São Paulo - A chuva atrapalhou a manifestação marcada para 11h hoje por petistas para protestar contra o pedido de prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apenas algumas dezenas de pessoas se encontraram diante de um carro de som em frente à Catedral da Sé, no centro da capital paulista. A promessa dos organizadores, porém, é de que a aglomeração cresça durante a tarde.
O funcionário público Serafim Alves, 52 anos, é um dos que não se desanimou. Passou quase duras horas em transporte coletivo para se deslocar de Cidade Tiradentes, na zona Leste de São Paulo, onde mora e trabalha, à Sé. Abrigou-se dentro da igreja, perto da porta, para escapar da chuva torrencial. Ele acha que há chances de Lula ser preso. "Tudo é possível. Não se pode prever se a Justiça terá o comportamento correto", disse ele, filiado ao PT desde 1999. "Tem gente que quer aproveitar este momento em que a gente está fraco", explicou.
Ele acha que não haverá incidentes no domingo, quando os manifestantes que pedem a saída da presidente Dilma Rousseff ocuparão a avenida Paulista."O secretário de segurança, Alexandre de Moraes, disse que o espaço lá é deles. Ele tomou partido. Mas é melhor assim. Não ficou em cima do muro. O pior para nós não é isso. É o fogo amigo", argumentou ele, vestido com uma capa de plástico transparente e apoiando no chão uma bandeira da Central dos Movimentos Populares, que integra.
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O bancário João Cardoso não precisou de tanto esforço para chegar à manifestação, pois trabalha na região central da capital paulsita. Filiado ao PT desde 1986, ele acha que Lula é vítima de perseguição. "É um abuso de poder do Ministério Público. Mesmo que ele tivesse o sítio de Atibaia e o apartamento do Guarujá, qual o problema? Foi deputado e presidente. Eu, que sou bancário, tenho casa própria e carro. Então a polícia tem de me prender também", afirmou. Para Cardoso, o pagamento a Lula pelas palestras não pode ser confundido com propina. "Ele tem reputação no mundo todo. Falou em vários países", disse.
Cardoso afirmou que, se Lula for preso, a reação pode ser grande. "As pessoas podem protestar e querer invadir o local onde está preso. Como vai ser?", indaga.
No Largo São Francisco, a poucos passos da Sé, o ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo andava despreocupado sob um guarda-chuva, saindo da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, da qual é professor. Ele criticou o pedido de prisão pelo MP paulista. "Tecnicamente, está errado", afirmou. Tampouco apoia a saída de Dilma. "Ela foi eleita. Deve ficar até o fim do mandato", disse.