Paulo de Tarso Lyra
postado em 13/03/2016 07:30
As manifestações pró-impeachment marcadas para ocorrer neste domingo (13/3) em cidades brasileiras e do exterior espalhadas por 11 países diferentes podem acelerar agonia do governo no rito do impeachment ou deixar o assunto em ritmo mais lento, dependente de novos desdobramentos da Lava-Jato. Os fatos mais recentes, como a condução coercitiva do ex-presidente Lula, a delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e a prisão do ex-marqueteiro do PT João Santana inflamaram os defensores da saída da presidente Dilma Rousseff no Planalto. Embora seja difícil mensurar o tamanho, os organizadores apostam em repetir o sucesso de um ano atrás, quando 3 milhões de pessoas foram às ruas contra a corrupção e gritar ;Fora Lula, fora Dilma, fora PT;.Leia mais notícias em Política
O temor de embates violentos entre oposicionistas e aliados de Lula e Dilma persiste, embora o PT, os sindicatos e os movimentos sociais terem orientado seus filiados a não saírem às ruas neste domingo, mantendo o cronograma de protestos próprios nos dias 18 e 31 de março. A menos de 36 horas, o PT do DF decidiu desmarcar o ato na Torre de TV. Até o fechamento desta edição, o PT de Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro insistiam em manter atos culturais de apoio ;à democracia e contra o golpe;.
Advogado e coordenador jurídico do Movimento Brasil Contra a Corrupção, Aldo Ferreira critica os protestos do PT que ocorrerão simultaneamente.;São manifestações profissionais, com profissionais ligados a sindicatos, à CUT. O que não pode acontecer é eles frustrarem a nossa manifestação;, disse. Ele acredita que não será uma oportunidade de medir forças, mas para mostrar a indignação com a situação do país.
;Essa crise tem muito a ver com a classe política. Não é só o PT, só a Dilma. O PT, PMDB, todo mundo está enrolado com a Lava-Jato.; Aldo espera que a polícia cumpra o seu papel e que a manifestação ocorra de modo pacífico. O coordenador afirmou que a recomendação é não ceder a provocações e avisar à polícia caso haja infiltrados. Na Avenida Paulista, principal epicentro dos protestos de hoje, estão previstas as presenças das principais lideranças da oposição, incluindo o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o presidente nacional do PSDB e candidato derrotado por Dilma em 2014, Aécio Neves (MG), além de presidentes e líderes de DEM, PPS e Solidariedade. Em vídeo postado nas redes sociais, o senador mineiro chamou para o protesto: ;Para isso (mudar o Brasil), é fundamental que você, eu, que todos nós estejamos na rua dizendo ;chega;, ;chega desse governo;, e vamos construir uma nova história para o Brasil. Eu vou estar lá. Espero que você esteja também;.
Para o deputado Mendonça Filho (DEM-PE), que desistiu de participar dos protestos em Recife para reforçar o time oposicionista em São Paulo, o tamanho das manifestações de hoje será fundamental para empurrar o Congresso na direção do impeachment. O demista não quer arriscar o número de pessoas que irá às ruas hoje, mas disse que a expectativa é boa, a levar-se em conta as convocações nas redes sociais. ;O PT e os movimentos sociais adotaram a tática do medo, dizendo que estariam dispostos a partir para o confronto. Isso afasta as pessoas que não militam diariamente na política, os trabalhadores, os pais de família. Espero que não haja embates.
A presidente Dilma Rousseff convocou os ministros mais próximos, como Jaques Wagner (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), e José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União), para monitorar os protestos no Palácio da Alvorada, na parte da tarde. O Planalto acha difícil que os protestos tenham a mesma dimensão de março do ano passado, mas acredita que a adesão será grande. A maior preocupação segue sendo com a segurança. O governo tem entrado em contato com as secretarias de segurança estaduais para manter informes constantes de contingentes para garantir a tranquilidade nos atos.
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