A presidente Dilma Rousseff reza para chover. O ex-presidente Lula incita os petistas a irem às ruas. Mas as manifestações da oposição de hoje bombarão na Avenida Paulista e na Esplanada dos Ministérios, os dois pólos de poder petista, sem falar em outras cidades do país. Com isso, a crise política ganhará nova dimensão, que pode resultar no afastamento, cassação ou renúncia da presidente da República ou na volta de Lula ao Planalto, se aceitar assumir a Casa Civil.
Na sexta-feira, Dilma convocou uma entrevista coletiva para falar que não renuncia. Quando um presidente da República chega a esse extremo, é sinal de que seu governo acabou. Faz sentido. Do ponto de vista da economia, a situação é de completo descompasso entre o que diz o ministro da Fazenda, Nélson Barbosa, atarantado com a recessão, e o ;me engana que eu gosto; dos demais ministros em matéria de ajuste fiscal. O PT faz campanha contra a reforma da Previdência; seus aliados são contra a recriação da CPMF, o antigo imposto do cheque.
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A posição de independência do PMDB, aprovada ontem em convenção nacional, é mais um passo na direção do impeachment. Não está no horizonte da legenda, porém, desembarcar agora do governo Dilma, não é da natureza do animal... A maioria do partido quer continuar no poder... Com Michel Temer na Presidência. As articulações no Congresso para aprovar o impeachment de Dilma, hoje, estão mais avançadas onde parecia improvável: o Senado, cujo presidente é um craque da baldeação política. Renan Calheiros (PMDB-ASL) mudou de barco nos governos Collor e Fernando Henrique, na hora certa.
A variável mais imponderável da crise política não é a mobilização popular contra o governo. O PT ainda tem capacidade de reação e forte influência nos movimentos sociais e no aparelho de Estado, como foi demonstrado por seu principal ;aparato ideológico;: as universidades federais. O catalisador da crise é a Operação Lava-Jato, que parece o ramal de Deodoro, desculpem-me a analogia ferroviária: numa das linhas corre um trem parador, pilotado pelo juiz Sérgio Moro, de Curitiba, que está desembestado; na outra, há um trem direto, sob comando do ministro Teori Zavascki, que ainda espera a chegada dos passageiros para dar a partida rumo à estação Central do Brasil.
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