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Em delação, Delcídio diz que Mercadante tentou silenciá-lo em nome de Dilma

Senador fechou acordo de delação premiada e entregou gravação feita por assessor com o ministro da Educação

Eduardo Militão
postado em 15/03/2016 12:37

O ex-líder do governo Dilma Rousseff no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), disse em sua delação premiada que o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, tentou convencê-lo a não fazer colaboração com os investigadores da Polícia Federal. Ele apresentou gravações feitas por assessores em que o ministro teria feito promessas de pagar advogados para a família. Segundo Delcídio, Mercadante "agiu como emissário" da presidente Dilma.

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A gravação foi feita pelo assessor de imprensa do senador, Eduardo Mazargão. Segundo a delação de Delcídio, Mercadante tentou entrar em contato com sua mulher. "A mensagem de Aloízio Mercadante, a bem da verdade, era no sentido do depoente não procurar o Ministério Público Federal para, assim, ser viabilizado o aprofundamento das investigações da Lava-Jato", disse o senador em depoimento prestado em 12 de fevereiro de 2016. A colaboração premiada de Delcídio foi homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki.

Para Delcídio, Mercadante fez os contatos em nome da presidente Dilma. "Entendeu o depoente que Aloízio Mercadante agiu como emissário da presidente da República e, portanto, do Governo", disse ele. O senador continuou. ;QUE esclarece melhor o depoente que considera Aloízio Mercadante o principal vetor de relacionamento político de Dilma Roussef; QUE o depoente esclarece que, até por isso, Aloízio Mercadante era o ministro-chefe da Casa Civil, de modo que sabe que Dilma Rousseff relutou bastante em tirá-lo do posto; QUE Aloízio Mercadante, a despeito disso, prossegue sendo conselheiro político privilegiado de Dilma Roussef, tanto que continua a exercer tarefas delegadas diretamente pela presidente da República, a exemplo de missões relativas a Tribunais Superiores e Tribunal de Contas da União."

De acordo com Delcídio, seu assessor Eduardo Mazargão gravou duas conversas com Mercadante, uma em 1; e 9 de dezembro do ano passado. Outra conversa foi gravada em 28 de dezembro, com uma assessora do ministro da Educação chamada de ;Cacá;. Num desses encontros, o ministro disse que Delcídio não poderia agir como ;agente de desestabilização;.

O ministro ;disse, ainda, que se o depoente resolvesse colaborar com o Ministério Público Federal e com o Poder Judiciário, receberia uma ;responsabilidade monumental; por ter sido ;um agente de desestabilização; ;. Delcídio considerou ;estranha; a frase, ;acreditando que possa ter representado ameaça velada á vista de possível recrudescimento da crise política, o que poderia resultar em problemas para o próprio Aloísio Mercadante;.

Delcídio afirmou que outros parlamentares o procuraram na prisão querendo saber se ele fecharia acordo de colaboração. Isso contribuiu para ele decidir fazer a delação. ;Tal se dá porque o depoente conhece o governo ;por dentro; e, por isso, não sentiu qualquer firmeza nas promessas de solidariedade e de ajuda política que, eventualmente, receberia.;

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