Agência Estado
postado em 18/03/2016 09:27
A revista britânica The Economist afirma que o "confronto entre o governo do Brasil e o sistema Judiciário acaba de ficar mais estranho e mais implacável". Em reportagem publicada na página na internet, a publicação diz que o debate tem girado em torno de "sutilezas legais" e, ao comentar a divulgação de grampos telefônicos, a Economist cita que o juiz Sérgio Moro pode ter "ido longo demais".
[SAIBAMAIS]Com o título "Aborto do retorno de Lula ao governo espalha novos protestos e suspeitas", a reportagem afirma que a crise política no Brasil está "mais profunda e estranha". A Economist relembra os últimos desdobramentos da crise com o anúncio da nomeação de Luiz Inácio Lula da Silva como ministro, a divulgação de gravações entre o ex-presidente e a presidente Dilma Rousseff e a reversão da nomeação de Lula pela Justiça do Distrito Federal
A Economist ressalta que o governo reagiu especialmente à divulgação das gravações que envolvem a presidente Dilma. O texto diz que, enquanto o governo diz que houve "flagrante violação da lei e da Constituição", o juiz Sérgio Moro argumenta que as gravações "têm interesse público".
"Mas liberar uma gravação de conversa em que uma das partes, não menos que a presidente, que não está formalmente sob investigação e goza de forte proteção constitucional parece com uma violação da sua privacidade", diz a Economist.
"No passado, o senhor Moro já pareceu algumas vezes ter ido longe demais na sua perseguição obstinada contra a corrupção", completa o texto que argumenta que "vários membros do Supremo Tribunal Federal, por exemplo, acham que a detenção de Lula para interrogatório, que foi determinada pelo senhor Moro, foi injustificada".
Apesar da guerra de argumentos jurídicos, a Economist nota que o cenário político é que pode determinar o futuro do governo Dilma Rousseff. "Cada nova revelação afasta alguns dos aliados centristas remanescentes no Congresso", cita o texto.
A Economist diz que em maio, quando o processo de impeachment pode ser avaliado pelo Congresso, "a presidente pode ter poucos e preciosos amigos da esquerda".