Agência Estado
postado em 28/03/2016 18:19
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em entrevista coletiva nesta segunda-feira à imprensa internacional, que imaginava que a oposição faria críticas à sua indicação para o ministério da Casa Civil, mas não imaginou que haveria um recurso ao Judiciário, com um recurso aceito tão rapidamente pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). "Tinha consciência que os tucanos não iam gostar da minha ida pro governo. Pensava que iam fazer uma crítica, um discurso, mas foram diretamente ao ministro Gilmar pedir pra vetar, foi o veto mais rápido possível. Espero que no Brasil a gente tenha um dia as coisas ;pró; aprovadas com a mesma rapidez Mas estou tranquilo, só não quero ser intruso", disse aos correspondentes de veículos estrangeiros.Lula foi nomeado dia 16 para o cargo. No dia 18, Mendes suspendeu a nomeação, aceitando monocraticamente o pedido do mandado de segurança de dois partidos da oposição, PSDB e PPS, que alegavam que Lula havia tomado posse para ganhar foro privilegiado e ser julgado pelo Supremo. Mendes remeteu as investigações para primeira instância, sob comando do juiz Sérgio Moro em Curitiba. No dia 23, o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo, determinou que o juiz Sérgio Moro enviasse à Corte os processos que envolvem o ex-presidente Lula. A decisão, porém, não anulou a liminar concedida por Gilmar Mendes que suspendeu a nomeação do petista para Casa Civil. A questão da nomeação deve ser decidida no plenário do STF nesta semana.
Na coletiva de hoje, Lula disse que quer "ouvir mais gente" e "compartilhar decisões". Ele reforçou que só pretende ajudar o governo de sua sucessora Dilma Rousseff. "Imaginava contribuir, tenho boa experiência para contribuir, mas vamos aguardar. Se a presidenta Dilma quiser, me disponho a ser do Desenvolvimento Econômico e Social. Não quero salário, não quero status de ministro, quero apenas ajudar", disse. E afirmou que, se for ministro, fará reunião todos os dias para tirar o País do "sufoco". "Se eu for, reunião toda semana, acabou aquele negócio de reunião a cada três meses, vai ser a cada três horas. Que é pra gente tentar sair do sufoco que a gente está vivendo."
Lula disse ter convicção de que pode contribuir com o País e mudar o "humor" para dar uma guinada na economia. "Tenho convicção que posso contribuir, que em poucos meses é possível mudar o humor desse País. Se a gente mudar o humor, no outro dia você muda a economia. A sociedade está muito azeda", disse o ex-presidente em um trecho da coletiva que durou cerca de duas horas.