O titular do Turismo, Henrique Eduardo Alves foi o primeiro ministro a pedir demissão e deu a largada à debandada oficial do PMDB do governo da presidente Dilma Rousseff. Em carta entregue nesta segunda-feira à presidente Dilma Rousseff, Henrique Alves afirma ter pensado muito sobre a decisão, mas diz que o momento coloca o PMDB "diante de um desafio maior de escolher o seu caminho" e admite que o diálogo "se exauriu". A entrega do cargo ocorre a um dia da reunião do diretório nacional do partido, marcada para a tarde desta terça-feira (29/3), em que o PMDB oficializará a saída do governo, em voto por aclamação.
Henrique Alves começa a carta de demissão agradecendo a presidente pela confiança e "respeitosa relação" que tiveram por 11 meses, antes de explicar a razão da demissão. "Pensei muito antes de fazê-lo, considerando as motivações e desafios que me impulsionaram a assumir o Ministério (e que acredito ter honrado): fazer do Turismo uma importante agenda econômica, política e social do governo e do país. Mas, independentemente de nossas intenções, o momento nacional coloca agora o PMDB, meu partido há 46 anos, diante do desafio maior de escolher o seu caminho, sob a presidência do meu companheiro de tantas lutas, Michel Temer", afirma Henrique na carta.
O ex-presidente da Câmara diz que sempre "prezou" pelo diálogo. "Diálogo este que -- lamento admitir -- se exauriu. Assim, Presidenta Dilma, é a decisão que tomo. Não nego que difícil, mas consciente, coerente, respeitando o meu Rio Grande do Norte, e sempre -- como todos nós -- na luta por um Brasil melhor", diz. Alves conclui a carta dizendo estar certo de que Dilma entenderá sua decisão.
Desde o fim da última semana, o PMDB já contabiliza ter votos suficientes a favor do desembarque. Nesta segunda, porém, após diversas conversas, o presidente do partido, Michel Temer, acordou com o presidente do Senado, Renan Calheiros -- que era a favor da permanência no governo --, que o voto seria por aclamação, diante da ampla maioria de diretórios estaduais favoráveis à debandada. Os outros seis ministros têm até o dia 12 para sair do governo, quando se completa um mês desde a reunião da convenção do partido.