Hédio Ferreira Jr. - Especial para o Correio
postado em 30/03/2016 16:47
Não demorou nem 24 horas para que o pato inflável da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) fosse abatido da Esplanada dos Ministérios. O boneco de 22 metros de altura, símbolo da campanha contra a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), não foi furado, como chegou a ser cogitado, mas impedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de permanecer em frente ao Congresso Nacional, próximo à Alameda dos Estados.
Ainda nessa madrugada, o boneco teve que ser retirado às pressas depois de uma ordem do Iphan. O órgão notificou a entidade paulista e o Governo de Brasília - por meio da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) e das secretarias de Cultura, de Gestão do Território e Habitação e da Casa Civil - por uso irregular do terreno. De acordo com o instituto, o pato, que já percorreu diversas cidades brasileiras, inclusive Brasília, não foi autorizada e estaria obstruindo a visibilidade do bem tombado ; Esplanada dos Ministérios e do Congresso Nacional, além de comprometer a integridade arquitetônica e urbanística da cidade.
Num prazo de 12 horas, a Fiesp cumpriu a determinação, mas informou que irá recorrer a todas as instâncias judiciais para "garantir o direito constitucional à livre manifestação."
A entidade reclama da notificação do Iphan entendendo que "se trata de uma ação irregular e abusiva, que viola a liberdade de expressão e manifestação". De acordo com nota da Fiesp, outras manifestações são feitas no mesmo local, diariamente, sem qualquer questionamento.
Esta foi a primeira vez que a campanha Chega de Pagar o Pato instala um boneco dessa dimensão. As versões anteriores chegavam a 12 metros. Para instalar o novo inflável na Esplanada ontem foram necessárias cerca de três horas. À tarde, 5 mil bonecos em versão miniatura foram distribuídos ao público que estava em frente ao Congresso. Um novo manifesto já ocupa o local.
A Federação das Indústrias previa esvaziar o pato somente amanhã, quando está prevista uma nova manifestação pró-governo na Esplanada, para evitar que a campanha fosse confundida como um manifesto contra a presidente Dilma Rousseff.