Politica

Nova fase da Operação Lava-Jato apura empréstimo forjado para o PT

Objetivo é aprofundar a investigação sobre a lavagem de R$ 6 milhões provenientes do Banco Schahin em benefício do Partido dos Trabalhadores

Eduardo Militão
postado em 01/04/2016 08:01
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta-feira (1;/4), a 27; fase da Operação Lava-Jato, apelidada de ;Carbono 14;. A apuração está voltada a aprofundar os indícios de lavagem de R$ 6 milhões provenientes do Banco Schahin em benefício do Partido dos Trabalhadores (PT), valores que, ao fim, foram pagos com recursos da Petrobras, de acordo com o Ministério Público. A PF prendeu o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira e o empresário Ronan Maria Pinto temporariamente, por cinco dias. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, condenado no mensalão, e o jornalista Breno Altman, foram conduzidos coercitivamente.

Policiais federais fazem buscas na sede do jornal 'Diário do Grande ABC', em Santo André, na Grande São Paulo

Um empréstimo no banco foi obtido pelo pecuarista José Carlos Bumlai, que admitiu ter feito a operação em nome do partido. O financiamento foi feito em outubro de 2004 no valor de R$ 12 milhões. Desse valor, R$ 6 milhões foram parar nas mãos do empresário de transporte de Santo André (SP) Ronan Maria Pinto. ;O mútuo, na realidade, tinha por finalidade a ;quitação; de dívidas do Partido dos Trabalhadores (PT) e foi pago por intermédio da contratação fraudulenta da Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, pela Petrobras, em 2009, ao custo de US$ 1,6 bilhão;, afirma o Ministério Público. ;Esses fatos já haviam sido objeto de acusação formal, sendo agora foco de uma nova frente investigatória.;

A Polícia Federal mobiliza 50 homens hoje para cumprir 12 mandados judiciais expedidos pelo juiz da 13; Vara Federal de Curitiba, Sérgio Fernando Moro. São oito ordens de busca e apreensão. Sãos duas prisões temporárias, as de Sílvio Pereira e Ronan. Diz o MPF: ;As pessoas cuja prisão foi determinada já tiveram prévio envolvimento com crimes de corrupção.; No processo do mensalão, Sílvio Pereira fez um acordo com o Ministério Público, pagou cestas básicas e foi excluído do processo. Ronan foi condenado, em novembro passado, a quatro anos de cadeia por ter participado de um esquema de corrupção no setor de transportes em Santo André.

Coletiva da PF sobre as ações da nova etapa da Lava-Jato



Nos dois mandados de condução coercitiva de hoje, de Delúbio e Altman, os investigados são isolados dos demais e levados de maneira forçada para prestarem depoimento, ocasião em que podem prestar esclarecimentos ou não. As ações acontecem no estado de São Paulo, na capital e nas cidades de Carapicuíba, Osasco e Santo André.

O nome da Operação, ;Carbono 14;, é uma referência aos métodos usados para datação de itens e a investigação de fatos antigos.

Transporte
Segundo a apuração do grupo de trabalho da PF e da força-tarefa do Ministério Público na Lava-Jato, evidências mostram que o PT influenciou o banco Schahin a liberar o empréstimo em nome de Bumlai. ;Para chegar ao destinatário final Ronan Maria Pinto, os investigados se utilizaram de diversos estratagemas para ocultar a proveniência ilícita dos valores e a identidade do destinatário final do dinheiro obtido na instituição financeira;, narra a Procuradoria da República no Paraná. ;Há provas que apontam para o fato de que a operacionalização do esquema se deu, inicialmente, por intermédio da transferência dos valores de Bumlai para o Frigorífico Bertin, que, por sua vez, repassou a quantia de aproximadamente R$ 6 milhões a um empresário do Rio de Janeiro envolvido no esquema.;

O empresário do Rio fez transferências para a Expresso Nova Santo André, empresa de ônibus de Ronan, além de outras pessoas e empresas indicadas por ele. Uma dessas indicações foi o controlador jornal Diário do Grande ABC. O pagamento foi de R$ 210 mil em 9 de novembro de 2004. O jornal estava sendo vendido para Ronan justamente em parcelas desse valor. ;Suspeita-se que uma parte das ações foi adquirida com o dinheiro proveniente do Banco Schahin;, diz o Ministério Público.

A operação, conforme relatos do delator e sócio do banco Schahin, o empresário Salim Schahin, teve a participação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que foi levado por Bumlai a uma reunião antes de fechar o empréstimo. De acordo com a Procuradoria, ;outras pessoas possivelmente envolvidas na negociação para a concessão do empréstimo fraudulento pelo Banco Schahin também são alvo da operação realizada hoje;.

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