postado em 01/04/2016 16:06
O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, um dos alvos da 27; fase da Operação Lava-Jato, é suspeito de envolvimento em um empréstimo - investigado pela Operação Lava-Jato - feito no Banco Schahin pelo pecuarista José Carlos Bumlai. O procurador do Ministério Público Federal Diogo Castro disse que a participação de Delúbio foi citada por três pessoas.;Delúbio Soares foi citado por José Carlos Bumlai, Salin Schain [do Banco Schahin] e Sandro Tordin [então presidente do Banco] como a pessoa que representou os interesses do Partido dos Trabalhadores no Banco Schahin para a obtenção desse empréstimo fraudulento;, disse o procurador. Segundo Castro, em cada uma das versões, Delúbio aparece com uma participação diferente, mas como alguém que estaria ciente do que estava sendo tratado.
;Salin Schahin fala que Bumlai foi acompanhado de Delúbio Soares. O ex-tesoureiro explicou que aquele era um empréstimo que tinha apoio do partido. Disse, inclusive, que Salim recebeu uma sinalização da Casa Civil neste sentido [quando tinha à frente José Dirceu];, disse Castro.
;Esta versão é corroborada em parte por Bumlai. Na versão de Bumlai, Delúbio não teria participado diretamente da reunião, mas estaria ciente dos fatos, representando os interesses do PT. A versão de que ele participou dessa operacionalização é também dada pelo Sandro Tordim, então presidente do Banco Schahin;.
Segundo o procurador Diogo Castro, a ação de hoje (1/4) com relação a Delúbio, tem o objetivo de esclarecer o envolvimento do ex-tesoureiro do PT no caso. ;São três pontos independentes, que indicam que ele participou da obtenção do empréstimo no banco Schahin;.
Na entrevista coletiva, o procurador disse que o ex-secretário geral do PT Sílvio Pereira teria sido a pessoa que procurou Marcos Valério para tratar de repasses.
;As investigações apontam que Sílvio Pereira foi um dos responsáveis por toda a distribuição de cargos do início do governo federal em 2003. Nesse esquema especifico, Marcos Valério fala que Sílvio Pereira foi a pessoa que o procurou a fim de intermediar esses valores, possibilitar a transferência desses repasses. Então, Sílvio Pereira seria uma das pessoas responsáveis por arquitetar esse esquema de lavagem de capitais;.
Diogo Castro disse que o ex-secretário-geral do PT tem envolvimento em fatos recentes ligados à Lava-Jato. ;Outras evidências da Operação Lava Jato mostraram o envolvimento dele com outros fato mais recentes. Fernando Moura afirmou que ele, em tese, receberia recursos da empreiteira OAS, para que não falasse o que sabia do mensalão. Isso está na nossa representação e realmente foram identificados pagamento da OAS em favor da empresa de Sílvio Pereira, pagamento em torno de R$ 500 mil, cujos serviços de contrapartida não foram identificados;.
Nova Fase da Operação
Na 27; fase da Operação Lava-Jato, deflagrada nesta sexta-feira, foi preso o empresário Ronan Maria Pinto, dono do Diário do Grande ABC e da empresa Viação Expresso Santo André. Ele teria recebido, segundo o procurador Diogo Castro, R$ 6 milhões dos R$ 12 milhões obtidos em negócios que envolvem a Petrobras e o Banco Schahin. Há suspeitas de que parte deste dinheiro foi usada para que Ronan se tornasse controlador do jornal Diário do Grande ABC.
Os repasses tiveram como intermediários o pecuarista José Carlos Bumlai e o frigorífico Bertin, até chegar à empresa Expresso Santo André, de Ronan Pinto. Segundo o procurador, algumas das operações financeiras foram citadas pelo publicitário Marcos Valério em 2012, e puderam ser confirmadas a partir da quebra dos sigilos fiscais e bancários dos investigados.
Segundo o procurador, apesar de as investigações não terem esclarecidos os motivos dos pagamentos feitos a Ronan, há constatações de que ocorreram ilegalidades. ;Em que pese que a motivação final do repasse dos valores ainda esteja sob investigação, o simples repasse, mediante estratagemas de dissimulação, caracteriza o crime de lavagem de dinheiro;.
O procurador Diogo Castro citou a existência de outros fatos sobre Ronan e Sílvio Pereira relacionados a crimes contra a administração pública. Castro disse que Ronan foi condenado na Justiça estadual de Santo André e responde a outros processos. Sílvio Pereira é suspeito também de ser beneficiário de dinheiro de corrupção na Petrobras.
Carbono 14
A nova fase da Operação Lava-Jato investiga a prática de crimes de extorsão, falsidade ideológica, fraude, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro, segundo a PF.
Cinquenta policiais estão envolvidos nesta operação. Os presos Sílvio Pereira e Ronan Maria Pinto serão encaminhados para a Polícia Federal em Curitiba, enquanto aqueles conduzidos para depoimentos serão ouvidos na cidade de São Paulo. Esta fase foi chamada de Operação Carbono 14 em referência a procedimento.