O ministro da Justiça, Eugênio Aragão, disse hoje (5/4) que considera a reação de movimentos sociais do campo, que têm se mobilizado contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, proporcional à ação de grupos que trabalham pelo impedimento.
Aragão foi questionado por jornalistas sobre declarações dadas pelo secretário de Finaças e Administração da Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), Aristides Santos, de que os agricultores iriam ocupar fazendas e gabinetes de parlamentares da chamada "bancada da bala". As afirmações foram feitas por Santos na última sexta-feira (1;), no Palácio do Planalto, em cerimônia de assinatura de decretos de desapropriação de terras para a reforma agrária.
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;Vamos ocupar as propriedades da bancada da bala. Vamos ocupar os gabinetes deles, mas também as fazendas deles;, disse Santos na ocasião. Ao discursar, momentos depois, Dilma desencorajou atos de perseguição a autoridades.
Em referência aos movimentos de luta no campo, Aragão disse que, sem o uso da violência, ;a reação de quem está acuado é realmente uma reação que tem intensidade proporcional;. O ministro voltou a afirmar que as tentativas de desestabilização do governo se devem à insatisfação com o resultado das eleições por grupos que buscam minar a capacidade de governança do Executivo.
;Os setores que mais ganharam com as conquistas sociais nesse governo devem também demonstrar, de seu lado, a sua insatisfação. Não é que se deva descambar para a violência, mas a manifestação de apoio a este governo é de absoluta rejeição a qualquer tipo de [tentativa] de afastá-lo através de um golpe, mesmo com qualquer aparência de constitucionalidade, me parece que é um movimento legítimo;, disse Aragão.
O líder do partido Democratas no Senado, Ronaldo Caiado (GO), entrou com representação na Procuradoria-Geral da República contra Dilma, alegando que a presidenta foi conivente com a incitação à violência ao não repreender diretamente as declarações do dirigente da Contag no Palácio do Planalto.
Contag
A diretoria da Contag repudiou hoje (5),no site da entidade, repudiando a intolerância, o ódio e as ameaças que o secretário Aristides Santos e aos seus familiares receberam, decorrentes da "divulgação parcial pelos meios de comunicação", do pronuncimento feito no Palácio do Planalto.
Segundo o comunicado, o objetivo do secretário foi criticar o governo federal quanto à "timidez" das medidas aprovadas para a reforma agrária e deixar claro que o "desrespeito às pessoas e às instituições públicas" pode levar a reações que podem envolver a sociedade em uma crescente "espiral de radicalização", o que "dificultará e impedirá" uma saída democrática para a atual crise política e institucional por que passa o Brasil.
A Contag reafirmou ainda o pedido às instituições públicas para que tenham "serenidade necessária para o momento e respeitem o estado democrático de direito".