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Empreiteira pagou R$ 350 mil a paróquia do DF ligada a Gim, o 'Alcoólico'

Força-tarefa diz que igreja indicada por Gim Argello não sabia que dinheiro era ilícito. É o segundo pagamento de propinas direcionado a instituição religiosa detectado pela Lava-Jato. O ex-senador foi preso preventivamente na 28ª fase da operação

Eduardo Militão
postado em 12/04/2016 09:34
Investigadores da Operação Lava-Jato detectaram um pagamento da empreiteira OAS para uma igreja indicada pelo ex-senador Gim Argello (PTB-DF), preso nesta terça-feira (12/4) na 28; fase do caso, apelidada de ;Vitória de Pirro;. Ele é acusado de receber propina para não convocar empreiteiros em CPIs da Petrobras que aconteceram no Congresso, das quais o ex-parlamentar fez parte. É o segundo pagamento para uma igreja detectado pela Lava-Jato.

Ex-senador foi levado preso por policiais federais, na manhã desta terça-feira

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), em 15 de maio de 2014, quando foi instalada a CPI da Petrobras no Senado, o presidente afastado da empreiteira OAS, José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, enviou uma mensagem a um interlocutor em que pediu o pagamento de R$ 350 mil para a conta da Paróquia São Pedro, em Taguatinga, frequentada por Gim Argello. O centro de custo apontado era ;Obra da Renest (sic);, uma referência à sigla Rnest, a refinaria de Abreu de Lima da Petrobras, em Pernambuco, onde a OAS prestava serviços à estatal. O pagamento foi realizado em 19 de maio, de acordo com documentos fiscais da empreiteira.

[SAIBAMAIS]A força-tarefa de procuradores e os policiais federais identificaram que o ex-senador é ;frequentador da paróquia e manteve contatos frequentes com executivos da OAS por meio de ligações e encontros pessoais no período de funcionamento; das CPIs da Petrobras do Senado e do Congresso. No entanto, o Ministério Público diz que a igreja não tinha conhecimento da irregularidade, ao menos por enquanto. ;Não há indicativo de que a paróquia tenha participado do ilícito ou de que tivesse conhecimento da origem ilícita dos valores;, afirma a Procuradoria em comunicado. Nas mensagens, o pagamento à paróquia é associado a pessoa de alcunha ;Alcoólico;.

O procurador Athayde Ribeiro Costa afirmou, em entrevista coletiva na PF em Curitiba hoje, que o Ministério Público pediu informações à Paróquia São Pedro. ;O MPF expediu oficio à paróquia questionando sobre outras empreiteiras.; Ele preferiu não adiantar as investigações.



Na entrevista, o procurador Carlos Fernando Lima afirmou que não está descartado o conhecimento da igreja sobre a origem do dinheiro, mas isso ainda está em apuração. ;Não é porque é igreja católica ou outra denominação que não vamos aprofundar investigações.; De acordo com ele, entidades recebem muitos recursos em espécie e podem ser usadas em eleições. ;Vamos apurar porque qualquer instituição religiosa exerce poder sobre as pessoas. Precisamos ver se existe algum tipo de influência dessa paróquia na campanha de Gim Argello.;

Alcoólico
A identificação ;Alcoólico; seria um pseudônimo para Gim Argello, num trocadilho com a bebida ;Gim;, que foi evidenciada na troca de mensagens de Léo Pinheiro com Otávio Marques de Azevedo, presidente do Grupo Andrade Gutierrez, outra das empreiteiras envolvidas no pagamento de propinas a agentes da Petrobras;, narra comunicado do MPF.

Os investigadores apontaram que no telefone celular de Léo Pinheiro, apreendido na 7; fase da Lava Jato, foram encontradas mensagens relacionadas a Gim Argello. Segundo o MPF, não houve convocação de Léo Pinheiro para prestar depoimento nas comissões parlamentares que investigam o esquema de corrupção na Petrobras. ;Não há indicativo de que a paróquia tenha participado do ilícito ou de que tivesse conhecimento da origem ilícita dos valores;.

Eduardo Cunha
A Operação Lava-Jato já detectou outro pagamento de propina para uma igreja no caso. Segundo denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR), parte dos US$ 5 milhões de suborno recebidos pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foram destinados á Assembleia de Deus. O lobista Júlio Camargo, que se declara católico, diz que fez os pagamentos de R$ 250 mil à instituição religiosa por orientação do deputado.

A reportagem do Correio não conseguiu falar com os advogados de Gim. Um deles, Marcelo Bessa, afirmou que não poderia atender o jornal. Até o momento, não houve retorno do defensor do ex-senador.

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