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Sérgio Moro solta 'operadores de propina' de Gim Argello em CPIs

Segundo as investigações, o ex-senador teria negociado o pagamento das propinas de cerca de R$ 5,3 milhões por meio de doações eleitorais ao DEM, PR, PMN e PRTB

Agência Estado
postado em 15/04/2016 20:03

O juiz Sérgio Moro mandou soltar nesta sexta-feira (15/4) os dois acusados de operar o pagamentos de propinas de R$ 5,3 milhões a mando do ex-senador Gim Argello (PTB) para evitar a convocação de empreiteiros para depor nas comissões parlamentares que investigaram irregularidades na Petrobras no Senado e no Congresso em 2014.

Os ex-assessores parlamentares Paulo Roxo e Valério Neves Campos foram presos temporariamente na 28; fase da Lava-Jato, chamada Vitória de Pirro, na última terça-feira (12/4). O Ministério Público Federal pediu a conversão da prisão deles em preventiva, mas o juiz Sérgio Moro entendeu que a atuação de ambos era subordinada a Gim Argello.

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[SAIBAMAIS] Segundo as investigações, o ex-senador teria negociado o pagamento das propinas de cerca de R$ 5,3 milhões por meio de doações eleitorais ao DEM, PR, PMN e PRTB para evitar que empreiteiros investigados na Lava-Jato fossem convocados para depor nas duas comissões instauradas em 2014 para investigar as suspeitas de irregularidades em contratos da Petrobras revelados pela Lava-Jato.

Para o magistrado, não há "razão suficiente para a prorrogação da prisão temporária" e por isso os dois foram soltos. Ainda assim, Moro determinou que eles cumpram uma série de medidas restritivas, como a proibição de deixar o país, de mudar de endereço sem avisar a Justiça e de comparecer a todos os atos do processo.

Em depoimento de delação premiada, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) afirmou que integrantes da CPI mista da Petrobras, encerrada em 2014, recebiam propina em dinheiro vivo para evitar a convocação de empreiteiros investigados na Lava-Jato. O senador citou Gim Argello (PTB-DF), então vice-presidente da comissão, como integrante do núcleo responsável pelo achaque.

Delcídio contou que reuniões semanais eram feitas entre os congressistas e os executivos para discutir requerimentos "sensíveis" da CPI e a estratégia para derrubá-los. Os encontros ocorreriam nas noites de segunda-feira, alguns na casa de Gim. O petebista seria o coordenador do grupo que pedia dinheiro a empreiteiros.

O diretor financeiro da UTC Engenharia, Walmir Santana, outro delator da Lava-Jato, afirmou que Gim Argello atuaria para que o empreiteiro Ricardo Pessoa não fosse chamado a depor na CPMI da Petrobras em 2014. Em contrapartida, Ricardo Pessoa faria contribuições em favor de pessoas indicadas por Gim Argello.

Diante das suspeitas, a força-tarefa da Lava Jato deflagrou na última terça-feira a operação Vitória de Pirro, que prendeu Gim Argello e seus dois ex-assessores. Com isso, apenas o ex-senador segue preso em Curitiba.

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