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Oposição reconhece perda de votos, mas assegura que tem o suficiente

Ao longo do sábado, o governo Dilma articulou dissidências entre os partidos. Grupo dos "nem nem" ganhou fôlego

Antonio Temóteo
postado em 17/04/2016 07:36

Presidente da Câmara, Eduardo Cunha: autorização do STF para votar no processo de impeachment, com derrota para ação do PSol no STF Um dia antes de o impeachment ser votado na Câmara, o governo lançou mão de uma nova ofensiva para tentar arregimentar mais votos contrários ao afastamento da presidente Dilma Rousseff. Como parte da estratégia, houve um corpo a corpo de governadores simpáticos à presidente com parlamentares de seus estados.

Essa articulação contou com a participação de ao menos três governadores: Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão; Tião Vianna (PT), do Acre; e Wellington dias (PT), do Piauí. Paralelo a isso, o vice-líder do governo na Câmara, Silvio Costa (PTdoB), avisou que o governo vai continuar negociando cargos com parlamentares dispostos a apoiar o governo. Apenas neste sábado, foram nomeadas mais de 80 pessoas.


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;O governo não vai parar de nomear. O governo está repactuando a sua base de apoio [após a saída do PMDB do governo];, disse, em coletiva de imprensa. ;Qual o problema de sair uma nomeação no diário oficial?;, prosseguiu. ;Você quer que só o Michel Temer prometa ministérios, Caixa, Banco do Brasil e o governo pare?;, questionou.

Deputados do chamado centrão, grupo que inclui partidos como PSD, PR e PP, se mostraram céticos com relação à iniciativa. ;Ao mesmo tempo em que ganha cinco votos por pressão, perde outros cinco por raiva;, disse um deputado do grupo. Já os governistas comemoravam as iniciativas. ;O impeachment será barrado neste domingo, já está dado;, disse Silvio Costa.

[SAIBAMAIS] Os ;nem nem;
O surgimento de um grupo de parlamentares oriundos da Rede, PSOL e dissidentes do PSB deram fôlego ao mote de ;nem Dilma, nem Cunha;, pregando a abstenção na votação ; o que, na prática, favorece o governo.

;A solução passa pela cassação da chapa pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esse é o caminho mais adequado para o país;, defendeu o deputado Aliel Machado (Rede-PR), que faz parte do grupo. Segundo esses parlamentares, existe a possibilidade de até 20 deputados aderirem ao grupo.

Mesmo com visão crítica ao governo, avaliando que Dilma não terá governabilidade caso vença o processo do impedimento, eles se posicionam de maneira contrária ao fortalecimento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que passaria a ser o segundo na linha de sucessão presidencial num eventual governo Temer. Cunha é réu em processo em que é acusado de receber R$ 5 milhões em propinas.

Também parte do grupo, Ivan Valente (Psol-SP) recorreu aos níveis altos de rejeição ao vice, captados em pesquisas de opinião, para dizer que o governo do peemedebista também sofreria com instabilidade, já que movimentos sociais deveriam continuar protestando. ;O afastamento de Dilma seria uma vitória da direita e fortaleceria o presidente da Câmara;, continuou.

;Engodo;
O líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (PSDB-BA), criticou o movimento. ;Quem encabeça esse movimento está a favor da Dilma, o resto é puro engodo;, afirmou. Já Silvio Costa disse que a articulação não foi feita com a influência do governo, mas mostrou simpatia aos deputados. ;Estão todos contra o golpe;.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, obteve uma vitória ontem. O ministro do STF Celso de Mello negou pedido do deputado Jean Wyllys, para proibir o parlamentar de votar no processo.

O presidente em exercício do PMDB, senador Romero Jucá (RR), criticou no começo da noite de ontem os deputados que cogitam faltar à votação do impeachment hoje. Nas últimas horas, o Palácio do Planalto operou uma estratégia para diminuir o quórum de votação.

;Nós estamos muito tranquilos. Os partidos estão firmes. Não é uma votação individual, de cada parlamentar. Acho muito difícil qualquer parlamentar ter a condição de se esconder e não vir votar;, disse Jucá. ;Os deputados que faltarem estarão frustrando seus eleitores e suas famílias;, completou.

Ao visitar Dilma no começo da noite no Palácio da Alvorada, o ex-governador do Ceará, Cid Gomes (PDT) afirmou que ela acredita que poderá barrar o impeachment. ;Não tem nada decidido. Quem tiver cantando vitória antes do tempo errará;, disse.

Apesar de lutar para evitar o afastamento de Dilma, Cid ; que foi ministro da Educação de janeiro a março de 2015 ; criticou o governo do PT. ;Para mim, a Dilma é séria, (mas) o governo está no fundo do poço;, avaliou.

Ele, porém, justificou por que é contra o impeachment. ;A gente tem de defender um valor democrático. Um mandato é uma coisa consagrada pela população. E o mandato só pode ser retirado se houver crime, roubo;, disse Cid.

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