Aliado da presidente Dilma Rousseff em sua batalha pela sobrevivência e sem querer comprar brigas desnecessárias com um cada vez mais provável governo de Michel Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), veste o uniforme da imparcialidade de presidente do Congresso e equilibra-se entre gregos e troianos na batalha política travada no país.
Ontem, Renan reuniu-se com movimentos sociais contrários ao impeachment pela manhã e, à tarde, encontrou-se com Lula e Dilma. Hoje, será visitado, em audiências separadas, por Michel Temer e pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves. Segundo apurou o Correio, Lula e Dilma pediram as conversas com Renan. Já os encontros com Temer e Aécio foram marcados pelo peemedebista.
[SAIBAMAIS];Eu vou continuar conversando com todos. Conversar não arranca pedaço. Eu hoje (ontem) recebi os movimentos sociais, os prefeitos que estão com Dilma. Amanhã (hoje), vou conversar com o vice-presidente Michel Temer e, logo em seguida, com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves;, disse. Renan afirmou acreditar que o papel do presidente do Senado é esse para demonstrar isenção e responsabilidade.
;Conversar para tentar construir convergência com todos os atores desta crise política e pensando no Brasil, na necessidade de se ampliar a previsibilidade política e constitucional, eu, a cada dia, entendo que preciso fazer muito mais nessa direção.; Um aliado de Renan explicou que as conversas com Temer e Aécio já estavam pré-acertadas. Mas a decisão de confirmá-las para hoje foi tomada após o peemedebista ter sido procurado ontem pelos petistas. ;Ele vai fazer isso sempre. Se alguém do lado A o procurar, ele vai atender. Mas também não deixará de conversar com o lado B. Ele não quer ser acusado, depois, de estar privilegiado um deles;, explicou um aliado.
Um desafeto de Renan provocou o presidente do Senado, lembrando que ele é um dos investigados na Operação Lava-Jato. ;Quanto mais ele puder se equilibrar em torno de quem possa dar-lhe sustentabilidade política e guarida contra as investigações, mais seguro vai se sentir;, criticou o peemedebista.
Outra interpretação é de que, ao agir assim, Renan tenta diferenciar-se do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Também investigado na Lava-Jato, Cunha é réu no Supremo Tribunal Federal, algo que Renan ainda não é. O presidente da Câmara claramente trabalhou na aprovação do processo de impeachment na Casa e vem sendo hostilizado por setores da sociedade que defendem o combate à corrupção. Renan não pretende atrair para si holofotes desnecessários neste momento de crise política.
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