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Politica

Cunha repete votação e aprova criação de novas comissões na Câmara

Segundo os parlamentares contrários à matéria, Cunha e seus aliados querem criar os dois colegiados apenas para acomodar novos partidos e redirecionar cargos



Diversas deputadas criticaram o uso da expressão "direito do nascituro", por se tratar de uma nomenclatura que, segundo elas, reforça posição contrária aos que defendem o direito de as mulheres decidirem sobre a própria gravidez. As parlamentares também contestaram que não foram questionadas sobre a mudança no projeto e que as causas feministas já são acolhidas, discutidas e votadas em outras comissões. Luiza Erundina (Psol-SP) avaliou que o texto pode comprometer conquistas históricas das mulheres. Já a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), classificou as novas comissões como um "faz-de-conta".

Confusão

No início da votação, revoltados com a decisão do presidente da Casa de rejeitar um requerimento pela retirada da pauta do projeto da criação das comissões da Mulher e do Idoso, quando a maioria dos votos era favorável a adiar a análise da matéria por duas sessões, parlamentares começaram a gritar "não", "fora Cunha" e "golpista". Depois, cerca de 30 deputados lotaram a tribuna para protestar contra a decisão.

[SAIBAMAIS]Após votação digital no painel, a confusão teve início quando Cunha pediu para que os que aprovassem a medida levantassem a mão, sem dar tempo para que os parlamentares se manifestassem. Em rápida decisão, ele decidiu que daria sequência à votação. Deputados apelaram para que fosse feita votação nominal para verificar a contagem dos votos novamente, porém os pedidos foram negados pelo presidente.

Segundo os parlamentares contrários à matéria, Cunha e seus aliados querem criar os dois colegiados apenas para acomodar novos partidos e redirecionar cargos. A bancada feminina também defende que não faz sentido criar uma comissão específica para as mulheres, pois a medida apenas aumentaria a burocracia, além de poder esvaziar o quórum de outros colegiados. Depois da confusão, a sessão foi suspensa e retomada após cerca de 40 minutos. Neste período, a oposição mudou de opinião e decidiu votar pela criação das novas comissões.

Na tarde desta quarta-feira, o plenário da Câmara aprovou um projeto de resolução que muda a condição de voto dos suplentes nas comissões da Casa. A proposta original previa que o Conselho de Ética também fosse incluído na mudança, mas o grupo contrário à Eduardo Cunha conseguiu impedir a manobra, que poderia beneficiar o peemedebista no processo por quebra de decoro parlamentar em curso.