Politica

Com desfecho de processo de impeachment, Câmara retoma pauta-bomba

Ontem, a Câmara dos Deputados definiu a divisão das presidências das 25 comissões da Casa, com as duas novas criadas

postado em 29/04/2016 06:36
Plenário voltará a analisar projetos que aumentam gastos. Desta vez, partidos da base de Dilma podem apoiar

Com o desfecho do processo do impeachment na Câmara dos Deputados, a Casa voltará a se debruçar sobre pautas polêmicas. Com a criação das comissões marcadas para a próxima quarta-feira, voltarão a ser debatidas com mais afinco matérias como a legalização dos bingos e temas relacionados ao aborto. Ontem, a Câmara dos Deputados também aprovou a urgência ao projeto que aumenta os salários dos servidores do Poder Judiciário (PL 2.648/15).

A pauta-bomba programada por Cunha pode render impacto bem maior às contas do governo. A expectativa, no entanto, de que o vice-presidente, Michel Temer, assuma o poder, pode provocar uma inversão nos papéis. Os petistas, que até então se colocavam contra qualquer aumento de gastos, agora tendem a apoiar este tipo de proposta.

Paralelamente, Cunha tem endurecido o discurso contra o PT, reforçando que a legenda é uma ;organização criminosa;. O presidente da Câmara foi rebatido ontem pelo líder do PT, Afonso Forense (PT-BA). Segundo o parlamentar baiano, Cunha ;perdeu a calma depois que o Conselho de Ética apresentou mais uma comprovação de que ele é um dos líderes da quadrilha que assaltou a Petrobras;. O deputado ainda acusou o presidente da Câmara de ;jogar o país num impasse, com pautas-bomba e desestabilização política;.



Comisssões
Cunha meteu-se em outra confusão na quarta-feira à noite, outra confusão marcou a sessão do plenário da Casa porque parlamentares se opuseram à criação da Comissão da Mulher e da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Casa. Cunha declarou rejeitado o requerimento que determinava a retirada da pauta do projeto que estabelecia a criação dos colegiados. A bancada feminina e outros parlamentares disseram que Cunha havia manobrado porque a maior parte dos deputados presentes havia votado pelo arquivamento do projeto. As mulheres invadiram a tribuna e ocuparam a Mesa Diretora aos gritos de ;Fora, Cunha; e ;Golpista;.

Após suspender a sessão, Cunha a retomou e aprovou o projeto que criava as comissões. As parlamentares criticaram mais um ato do presidente, que determinou que temas referentes ao aborto, como o Estatuto do Nascituro, não seriam tratados na comissão da mulher; será de atribuição da Comissão de Seguridade Social e Família.

Outra pauta polêmica, que tramita no Senado, pode ganhar corpo na Câmara. Os deputados Andrés Sanchez (PT-SP) e Guilherme Muzzi (PP-SP), relator na Comissão Especial do Marco Regulatório dos Jogos no Brasil, articulam proposta para legalizar a instalação de bingos dentro dos estádios ou clubes sociais vinculados aos times. A ideia do relator, que é ex-presidente do Corinthians, é de que o parecer final seja produzido nos próximos 15 dias e que a legalização dos jogos conste nele. ;Os clubes de futebol ou os clubes esportivos poderiam montar (bingos) ou no seu clube social ou na arena, mas apenas um bingo por clube;, explicou Sanchez ao Correio nesta semana.

Ontem, a Câmara dos Deputados definiu a divisão das presidências das 25 comissões da Casa, com as duas novas criadas. A indicação dos membros dos colegiados deve ocorrer até a próxima terça-feira. As eleições de presidente e relator de cada colegiado ocorre no mesmo dia. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que deve analisar os recursos do presidente da Câmara ao processo que corre contra ele por quebra de decoro parlamentar, deve ter na presidência o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que é aliado de Cunha.

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