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Politica

FHC diz que PSDB não pode ficar de 'braços cruzados' em governo Temer

Por conta do grave cenário que o País atravessa, FHC ressalta que Temer tem de fazer um governo de "emergência nacional", pluripartidário, sem o "toma lá, dá cá"



Apesar desses desafios, Fernando Henrique avalia que a chegada de Temer à Presidência deverá gerar uma expectativa muito positiva para o País. "A expectativa com Temer muda na hora." E se a gestão Temer der certo, ele não vê razão para o peemedebista não concorrer à reeleição, mesmo que já tenha se comprometido a não concorrer em 2018. "Eu sou favorável à reeleição, o que temos de ser é mais severos com o uso do poder", disse o tucano, contrariando posição defendida pelo presidente nacional de seu partido, senador Aécio Neves (MG), que colocou como uma das condições para o apoio a Temer que ele não concorra a um mandato consecutivo ao Palácio do Planalto.

Lula
Na entrevista, FHC falou sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destacando que o petista vive hoje uma situação difícil, tem um comportamento incompatível com a de um ex-presidente da República e "está enterrando a sua história". O tucano destaca que Lula fez muitas coisas pela nação, mas em determinado momento perdeu o rumo, o que é ruim para o próprio País.

Lava Jato
Fernando Henrique acredita que a Operação Lava Jato é um caminho sem volta e representa, nos dias atuais, um retrato da democracia e das instituições independentes no País. Por isso, avalia que independentemente de um novo governo no País, como o de Michel Temer, essa operação deverá ser continuada.

Impeachment
Ao comentar sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff, FHC disse que já foi reticente a este expediente, mas agora avalia que a petista não tem mais condições de governar o País e que há base real para o pedido de seu afastamento da Presidência "Dilma poderia ter mudado os rumos do Brasil", disse, alegando que a alertou sobre isso, mas ela nada fez. E que certas atitudes que ela vem pregando, como a de que dificultará o acesso de Temer e de sua equipe aos dados do governo, caso o seu afastamento se concretize, só contribuirá para "estragar a sua história".

Cunha
Sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Fernando Henrique Cardoso disse que não entende por que o Supremo Tribunal Federal (STF) não avançou nos processos contra ele, já que as suspeitas que pesam contra o peemedebista são consistentes. "Pelo que está dito, (Cunha) não tem condições morais de continuar na presidência da Câmara. Ele é inteligente, hábil e de uma frieza muito grande, tanto que faz a Câmara andar, mas tem acusações consistentes, acho que STF tem que falar, não pode tapar o sol com a peneira."

Congresso
Para FHC, a fragilidade brasileira está no Parlamento, com a proliferação de partidos políticos. "Essa é a verdadeira fragilidade da democracia brasileira, não o impeachment." Ele acredita que este não é um momento de celebração, mas sim de olhar pra trás e ver o que foi feito de errado. Mesmo assim, o tucano diz que continua confiando no Brasil e em seu potencial econômico e social. "Mas precisamos agir logo e revitalizar nosso sentimento moral que não aceita mais métodos equivocados de corrupção. O Brasil precisa voltar a acreditar em si mesmo."

Polícia Federal
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso falou também na entrevista ao Canal Livre, da TV Bandeirantes, sobre o depoimento que prestou na última sexta-feira, 29, à Polícia Federal, no caso envolvendo sua ex-namorada Miriam Dutra, que o acusou de ter remetido recursos ilegais para ela no exterior através da empresa Brasif, mas depois retirou as acusações.

FHC disse que as acusações não têm base, que inventaram um apartamento dele em Paris e que trata o "filho dela" e não seu, com carinho. "Paguei os estudos dele com dinheiro meu, inclusive a universidade caríssima nos Estados Unidos", afirmou.