Politica

"Se renuncio, enterro a prova vida de um golpe", diz Dilma

Em cerimônia de contratação de 25 mil casas do Minha Casa, Minha Vida Entidades, a presidente afirmou ter 'disposição a resistir' ao processo de impeachment

Naira Trindade
postado em 06/05/2016 11:53
Em cerimônia de contratação de 25 mil casas do Minha Casa, Minha Vida Entidades, a presidente afirmou ter 'disposição a resistir' ao processo de impeachment

Numa agenda acelerada de lançamentos de programas nos prováveis últimos dias de governo, a presidente Dilma Rousseff voltou a defender seu mandato do que chamou de golpe de impeachment e reiterou que não vai renunciar em nenhuma hipótese. ;Sempre quiseram que eu renunciasse porque sou muito incômoda, primeiro porque sou a presidente eleita, segundo porque eu não cometi nenhum crime, terceiro porque se eu renuncio eu deixo e enterro a prova viva de um golpe absolutamente sem base legal e que tem por objetivo ferir interesses e conquistas adquiridas ao longo dos últimos 13 anos. Eu tenho a disposição de resistir e resistirei até o último dia;, afirmou.

[SAIBAMAIS]A presidente voltou a acusar o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ; afastado ontem do mandato de deputado por decisão do Supremo Tribunal Federal ; de fazer chantagem ao aceitar o processo de impeachment. ;Ontem o Supremo disse que o senhor Eduardo Cunha era uma pessoa que usava práticas condenáveis. Uma das práticas mais condenáveis foi a chantagem explícita feita por Cunha no meu governo;, lembrou.

;Se não der três votos na Comissão de Ética da Câmara, três votos favoráveis, caso contrário, eu aceito o impeachment. Essa é uma questão tão descarada que o advogado do PSDB, ex-ministro do Fernando Henrique Cardoso, entrou com processo; criticou Dilma. ;É chantagem explícita e também desvio de poder;, atacou, ao discursar , nesta sexta-feira (6/5), na cerimônia de contratação de 25 mil casas do Programa Minha Casa, Minha Vida Entidades, no Palácio do Planalto.



Primeira a falar, a ministra das Cidades, Inês Magalhães, não serão permitidos retrocessos numa eventual mudança de governo. ;Esse programa não tem volta, vamos continuar lutando por um país melhor;, disse. Para a representante da União Nacional por Moradia Popular, Evaniza Rodrigues, os beneficiários do programa não devem nada aos líderes comunitários ou sequer a presidente: ;Moradia não é mercadoria, é um direito social. Não vamos admitir retrocesso;, afirmou.

Criado em 2009, o programa ligado à Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, visa tornar a moradia acessível às famílias organizadas por meio de cooperativas habitacionais, associações e demais entidades privadas sem fins lucrativos.O programa é dirigido a famílias de renda familiar mensal bruta de até R$ 1,8 mil e estimula o cooperativismo e a participação da população como protagonista na solução dos seus problemas habitacionais.

Na noite de quinta-feira, em entrevista transmitida pela emissora latinoamericana TeleSUR, a presidenta voltou a dizer que não cometeu nenhum crime de responsabilidade e que, portanto, o pedido de impeachment não tem base jurídica.;Não estão me acusando de um crime de corrupção porque eu não o cometi. Não tenho contas bancárias no estrangeiro, não tenho processos por tirar vantagens de qualquer forma do governo. Se trata de uma discussão sobre contas públicas e esse tipo de questão administrativa, sem crime de responsabilidade, não é base para tirar uma presidente da República eleita. Este impeachment é um golpe de estado;, disse.

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