Politica

Ministério Público Federal denuncia Gim Argello e Ronan Maria Pinto

Ex-senador do PTB, preso desde 12 de dezembro, foi acusado de corrupção passiva, concussão, lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa.

Eduardo Militão
postado em 06/05/2016 15:38

O Ministério Público Federal denunciou, nesta sexta-feira (6/5), o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) na Operação Lava-Jato por corrupção passiva, concussão, lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa . A Procuradoria ainda ofereceu denúncia hoje contra o empresário Ronan Maria Pinto. Os dois foram detidos nas 28; e 27; fases do caso, respectivamente. Gim e Ronan estão detidos no Complexo Médico Penal de Pinhais (PR), na região metropolitana de Curitiba. As duas ações foram protocoladas na 13; Vara Federal de Curitiba, do juiz Sérgio Fernando Moro.

Preso desde 12 de dezembro, Gim foi indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva. Segundo as investigações, ele levantou pelo menos R$ 7,42 milhões com três empreiteiras ; UTC, OAS, Toyo Setal e Odebrecht, dinheiro destinado ao caixa de partidos políticos em campanha em 2014 e a uma paróquia que ele frequenta em Taguatinga. Em troca, o ex-senador prometeu blindar os empreiteiros nas CPIs da Petrobras daquele ano. Numa delas, Gim era vice-presidente.

De acordo com o coordenador da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, os fatos mostram a ;gravidade de se ofender; o próprio Poder Legislativa. ;Constitutiu uma espécie de corrupção da corrupção, uma corrupão ao quadrado, o que, por si só, já soa abusurdo;, afirmou ele, em entrevista coletiva na tarde de hoje em Curitiba. Ele destacou que os pagamentos dos subornos foram em doações oficiais a partidos políticos, com ;aparência lícita;. ;O funcionamento da democracia recebeu injeções de recursos espúrios. Isso torna a disputa desigual. Quantas outras vezes isso acontece e nós não descobrimos?;

Como mostrou o Correio na semana passada, a denúncia narra que Gim pediu R$ 5 milhões de sete empreiteiras: UTC, OAS, Odebrecht, Toyo Setal, Engevix, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez - um pedido total de R$ 35 milhões. No entanto, só as primeiras quatro fizeram os pagamentos, no valor total de R$ 7,7 milhões e mais 200 mil euros em espécie. No caso da Camargo, o dinheiro foi ;exigido;, razão pela qual o ex-senador foi acusado de concussão, e não corrupção.

Além de Gim, foram denunciados o publicitário Paulo Roxo e o contado Valério Neves, apontados como operadores no esquema. Parte dos valores - R$ 350 mil doados pela OAS - foram recebidos por uma paróquia em Taguatinga. Segundo o procurador Athayde Ribeiro Costa, ainda se apura se o padre Moacir Anastácio teve ou não participação nos crimes.

A força-tarefa diz que os 11 acusados praticaram 9 atos de corrupção, 17 de lavegm de dinheiro, um de concussão. O Ministério Público pede R$ 70 milhões em ressarcimento, o dobro do valor solicitado das empreiteiras

O advogado de Gim, Marcelo Bessa, disse ao Correio que só vai falaria após o oferecimento da denúncia. Em recurso ao Tribunal Regional Federal da 4; Região, ele negou a participação do ex-senador em quaisquer crimes. E afirmou que a tese do Ministério Público não tem sentido porque, sozinho, Gim não poderia proteger os empreiteiros da ação dos demais parlamentares das duas CPIs da Petrobras que aconteciam em 2014. A reportagem ainda não conseguiu contato com ele na tarde desta sexta-feira.

As defesas de Neves e Roxo têm negado participação no caso e dizem que os dois apenas captaram recursos para campanhas eleitorais que julgavam ser de origem legítima.

Divisão

Ronan Maria Pinto foi acusado junto com o publicitário Marcos Valério, operador do mensalão e condenado a 38 anos de cadeia. Ele foi acusado de ficar com R$ 6 milhões obtidos, de forma fraudulenta segundo as investigações, pelo Partido dos Trabalhadores num empréstimo total de R$ 12 milhões no banco Schain. Em troca, o grupo Schain ganhou um contrato de US$ 1,5 bilhão com a Petrobras.

Os denunciados desta sexta-feira
Denúncia I - Núcleo Gim
Jorge Afonso Argello
Jorge Afonso Argello Junior
Paulo César Roxo Ramos
Valério Neves Campos
José Aldemário Pinheiro Filho
Roberto Zardi Ferreira
Dilson De Cerqueira Paiva Filho
Ricardo Ribeiro Pessoa
Walmir Pinheiro Santana
Marcelo Bahia Odebrecht
Claudio Melo Filho


Denúncia II - Núcleo Ronan Maria Pinto
Ronan Maria Pinto
Sandro Tordin
Marcos Valerio Fernandes de Souza
Enivaldo Quadrado
Luiz Carlos Casante
Breno Altman
Natalino Bertin
Oswaldo Rodrigues Vieira Filho
Delúbio Soares De Castro

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