Agência Estado
postado em 12/05/2016 19:42
Dos 55 senadores que votaram na manhã desta quinta-feira (12/5) pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff, pelo menos dez declararam que votavam apenas pela abertura do processo de impeachment ou que poderiam mudar o seu voto na decisão final. Desta forma, não há garantia ainda da quantidade de votos necessária para o impedimento definitivo da presidente.
Depois da decisão desta manhã, a presidente fica afastada por até 180, enquanto a Comissão Especial do Impeachment no Senado avalia agora o mérito da questão, ou seja, se a presidente de fato cometeu crime de responsabilidade. Para concretizar o impeachment, são necessários dois terços dos senadores, num total de 54 votos.
Para o presidente do PMDB, Romero Jucá (RR), os 55 votos conquistados demonstram que já é possível cassar a presidente na fase do julgamento. Em contrapartida, um dos principais porta-vozes do PT, senador Lindbergh Farias (RJ), ponderou que muitos votaram apenas pela admissibilidade e que era possível reverter o quadro conforme a condução do novo governo Temer. "Para evitar o impeachment, precisamos reverter apenas dois votos", disse.
"Eu voto pela abertura do processo, deixando em aberto qual vai ser a decisão quando nós analisarmos o centro do assunto. Hoje não é o fim do processo, é o começo", anunciou o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), durante seu discurso.
O senador Edison Lobão (PMDB-MA) também esclareceu que o voto de hoje não era uma antecipação de sua posição no julgamento. "O voto que darei não é pelo impeachment, mas pela admissibilidade do processo de investigação proposto. Convém acentuar que a votação de hoje não encerra o processo. Na prática, autoriza o andamento dele."
O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que era aliado do governo, disse que sentia enorme pesar em votar pela abertura do impeachment. Ele tomou essa posição após seu partido fechar questão contra a presidente. "O voto que profiro agora não é de condenação da presidenta, não é de afastamento definitivo, mas de abertura do processo", afirmou. Benedito de Lira (PP-AL) também anunciou que essa era a posição hegemônica do seu partido, e que votaria pela admissibilidade "infelizmente".
Outro que não se comprometeu com a questão do mérito do processo, até por uma razão de isenção, foi o presidente da Comissão do Impeachment, Raimundo Lira (PMDB-PB), que frisou que o voto era apenas de admissibilidade. Entretanto, o senador tem um histórico de boas relação com o governo, tendo sido, inclusive, cotado para liderar a bancada após a prisão do ex-senador Delcídio Amaral.
Ausências
Fora os dez votos restritos à abertura, houve ainda três ausências na votação desta manhã. Duas delas são de senadores que, segundo os próprios integrantes da bancada do PMDB, apoiam a presidente Dilma Rousseff: Jader Barbalho (PA) e o ex-ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (AM).
Por outro lado, a terceira ausência foi do suplente do ex-senador Delcídio Amaral, cassado na terça-feira. Pedro Chaves ainda é uma incógnita, mas caso herde o posicionamento de Delcídio, votará pelo impeachment.
Na balança, soma-se ainda o voto do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Conduzindo a primeira votação, ele se eximiu da tarefa de se posicionar. Aliado de Dilma, Renan trabalhou diversas vezes para ajudar a presidente. Sua posição final, entretanto, deve se moldar de acordo com as circunstâncias do novo governo Temer, a opinião pública e sua própria situação como alvo da operação Lava Jato.
Veja a lista dos dez senadores que, em discurso na tribuna, deixaram claro que votavam apenas pela abertura do processo neste momento:
Cristovam Buarque (PPS-DF)
Hélio José (PMDB-DF)
Antonio Carlos Valadares (PSB-SE)
Wellington Fagundes (PR-MT)
Ivo Cassol (PP-RO)
Benedito de Lira (PP-AL)
Edison Lobão (PMDB-MA)
Raimundo Lira (PMDB-PB)
Acir Gurgacz (PDT-RO)
Marcelo Crivella (PRB-RJ)