Agência France-Presse
postado em 17/05/2016 12:04
[VIDEO1]A equipe do filme brasileiro "Aquarius", liderada pelo diretor Kleber Mendonça Filho e pela atriz Sônia Braga, protestou nesta terça-feira contra o "golpe de Estado no Brasil", durante a estreia do filme em Cannes.
"Um golpe ocorreu no Brasil", "Resistiremos" e "Brasil não é mais uma democracia" eram alguns dos cartazes, escritos em diversos idiomas, que o cineasta e sua equipe seguravam no tapete vermelho, antes de voltar a se manifestar ao grito "Fora" na sala do Grande Teatro Lumi;re, minutos antes da projeção.
Um dos presentes abriu sua blusa para deixar à mostra uma camiseta com o frase "Super Dilma", em referência à presidente Dilma Rousseff, afastada neste mês de seu cargo no âmbito da abertura de um julgamento de impeachment, denunciado por ela como um "golpe de Estado".
Em seguida, outras pessoas presentes na sala seguraram uma faixa na qual se lia em inglês: "Stop coup in Brasil".
Minutos depois começou a projeção de "Aquarius", o único filme da América Latina entre os 21 aspirantes à Palma de Ouro. Conta a história de Clara (Sônia Braga), uma mulher que resiste a pressões de promotores imobiliários para deixar seu apartamento no Recife.
Em entrevistas antes da estreia em Cannes, os artistas criticaram o "golpe de Estado" do vice-presidente Michel Temer, que assumiu a presidência após a abertura do julgamento de impeachment de Dilma, e sua decisão de acabar com o ministério da Cultura, integrando-o ao da Educação.
Quase todos os filmes brasileiros apresentados em Cannes foram financiados, em grande parte, com ajudas estatais do governo à indústria cinematográfica, indicaram os artistas.
O filme brasileiro "Aquarius", com Sônia Braga no papel de uma mulher que se recusa a deixar de viver do modo como deseja, entrou nesta terça-feira na disputa pela Palma de Ouro em Cannes. Aos 65 anos, Sônia Braga interpreta Clara, uma ex-crítica musical que mora no "Aquarius", um edifício dos anos 1940 construído na orla do Recife, cercada por seus discos, livros e recordações.
As coisas se complicam quando o prédio é adquirido por uma empresa que planeja demolir o edifício para construir um complexo residencial moderno. Clara rejeita a proposta apresenta pelo promotor imobiliário e, apesar do relacionamento difícil com os filhos e do câncer de mama que a fez perder um seio, ela não está disposta a ceder.
Em uma entrevista à AFP em um hotel de Cannes, a atriz disse que sua personalidade e a de Clara "se uniram em uma só". "É uma mulher da minha idade que tem três filhos - eu nunca tive filhos, esta seria a diferença - e a situação em que se encontra, a pressão, a luta, o ;não faça isto;, eu vivi, no Brasil e em toda minha vida", afirmou.